domingo, 24 de junho de 2007

Saddam Hussein pede a iraquianos que resistam

O ex-presidente iraquiano Saddam Hussein começou sua primeira defesa formal, na quinta sessão do "julgamento" em que é acusado por "crimes contra a humanidade", realizado em Bagdá e patrocinado pelas forças de ocupação, dizendo que o tribunal é "uma comédia".
Ele é acusado pelo tribunal de, juntamente com outras sete pessoas, ter condenado 148 pessoas à morte na cidade de Dujail, em 1982.

Na ocasião os sentenciados foram acusados de planejar e executar um atentado contra a vida do então presidente iraquiano.
Saddam Hussein disse ter ficado aflito ao ser informado recentemente sobre "algo destinado a fazer mal ao povo".


Acompanhe abaixo as altercações entre o ex-presidente do Iraque e o juiz do "julgamento" instalado pelas forças de ocupação lideradas pelos Estados Unidos


Hussein: (lendo seu discurso) O que dói mais é que eu soube de algo que será feito para fazer sofrer nosso povo. Minha consciência me diz que o grande povo do Iraque não tem nada a ver com esses estranhos e horríveis acontecimentos, a explosão da mesquita do imã Ali al-Hadi e Hassan al-Askari, que levaram aos incêndios de mesquitas em Bagdá, que são casas de deus, e ao incêndio de outras mesquitas em outras cidades do Iraque.


Abdel-Rahman: Escute, o que tem a ver esse discurso com o nosso caso? Eu solicitei que você desse seu testemunho sobre a questão de Dujail e seu papel como chefe de estado na época.


Hussein: Eu sou o chefe de estado.


Abdel-Rahman: Você foi o chefe de Estado, agora você é o réu nessa corte. Você está de pé perante um tribunal de justiça, não em um palanque político.


Hussein: Eu estou de pé diante do povo iraquiano.


Abdel-Rahman: Como juiz eu não vou tratar com você de questões políticas. Eu estou interrogando você legalmente, Você deu seu testemunho para os advogados de seu papel na questão de Dujail. Você precisa explicar esse caso.


Hussein (voltando a ler): O banho de sangue que eles (americanos) causaram ao povo do Iraque só nos deixou mais determinados para expulsar os estrangeiros da nossa terra e libertar o nosso país. Que o povo resista aos invasores e seus colaboradores, ao invés de matar-se uns aos outros. Iraquianos, homens e mulheres, aqueles que explodiram a mesquita são perversos criminosos.


Abdel-Rahman (gritando): Você tem de voltar ao assunto desse caso! Dê seu testemunho!


Hussein (continuando a ler); Iraquianos, em sua resistência à invasão dos americanos e dos sionistas e seus aliados, vocês são colossais. Vejo-os como gigantes perante meus olhas e permanecem...


Abdel-Rahman: Escute! Você é acusado em um caso criminal. defenda-se. O tempo para isso está acabando. Sem mais discursos políticos. Nós estamos em um tribunal criminal, uma corte judicial, nós não temos nada que ficar escutando questões políticas como essas. Deponha!


Hussein: Foram as questões políticas que trouxeram você e eu a esta sala.



(Hussein continua a ler, o som é entrecortado, Abdel-Rahman desliga o microfone do ex-presidente, mas ainda se pode ouvir parte do que Hussein fala): ...mas agora, os criminosos que vieram com as desculpas das armas de destruição em massa, com seus blindados para esmagar o povo iraquianos sob o slogan de democracia...


Abdel-Rahman (com bastante irritação): Você está diante de um tribunal. Essa é uma questão pessoal entre você e os americanos... Você está diante de um tribunal iraquiano que discute uma questão iraquiana, que diz respeito a massacrar pessoas inocentes. Responda a essa acusação.

Seu conflito com os americanos não faz sentido neste caso.


(Estoura no tribunal uma discussão entre um dos procuradores e um dos advogados de defesa.


Abdel-Rahman consegue silenciá-los após golpear o sino várias vezes.)


Hussein: Isso aqui é um tribunal?


Abdel-Rahman (gritando): Sim, um tribunal! Tenha mais respeito consigo!


Hussein: Você que tem de ter mais respeito consigo.


Abdel-Rahman: Eu me respeito, sou um juiz


Hussein: Quem respeita tem o respeito.


Abdel-Rahman: Qual é a sua?? Você está como réu em um caso sério de crime, um massacre de inocentes. Você tem de responder a essa acusação.


Hussein: O que acontece com aqueles que estão morrendo em Bagdá? Eles não são inocentes? Eles não são iraquianos? ... eu estou falando para o povo iraquiano... (retoma a leitura do discurso, ao mesmo tempo o som é desligado em definitivo).


(Momentos depois)Abdel-Rahman: A corte decidiu fechar e tornar secreta essa sessão.



Com informações da AP e do Pravda.Ru

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