Ano 1, n.6, janeiro de 2003
A resistência palestina que tem adiado os assaltos do USA contra o Iraque.
E é um dos fatores que mais anima a corrente atual revolucionária no mundo árabe.
Comenta-se que está nos planos do terceirizado Sharon aplicar uma política de deportação à população palestina, dos territórios sob ocupação de Israel, para a Jordânia e o Iraque.
O regime iraquiano convidou observadores do mundo árabe e das organizações revolucionárias palestinas, consciente que, seja qual for a divergência de opiniões a propósito do regime, existe uma unidade total para apresentar uma frente sem falha contra a agressão ianque.
Os imensos estragos causados pela bárbara e covarde agressão de 1991 e os embar gos contundentes do USA ocasionaram tremendo ódio e forjaram uma consciência antiimperialista incontrolável.
Um dirigente da Frente Popular de Libertação da Palestina contou que um iraquiano, durante 15 anos oponente do governo de Saddam, decidiu voltar ao Iraque:
“Vou defender meu país contra os ianques e não creio, jamais, que Hussein me impedirá”.
O regime iraquiano relaxou a prisão de todos os prisioneiros, exceto os autores de crime de sangue e distribuiu centenas de milhares de armas à população para se defender — coisa que os magnatas extrativistas de alguns territórios árabes ainda relutam fazer.
No momento, o povo iraquiano não se incomoda com o que diz o inimigo.
O USA quer trocar Saddam por uma marionete como Karzai no Afeganistão, ou mesmo, segundo determinadas circunstâncias, por um centurião ianque semelhante a McCarthur no Japão, em 1945.
Todos dizem que se soldados do USA puserem o pé sobre solo iraquiano, serão repatriados dentro de um saco plástico.
Mesmo que o Iraque não seja capaz de deter diretamente a invasão, a verdadeira guerra começará lá e a resistência árabe será mais encarniçada que no Afeganistão.
População e exército estão prontos para defender os bairros populares
O exército e a população civil encontram-se unidos na organização da defesa nas cidades iraquianas, escreveu o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos — HEE.
A inteligência militar, que trabalhou para a Casa Branca, concluiu que muitos soldados iraquianos defenderão seus bairros como trincheiras, tornando inevitáveis os intensos combates de rua.
Inúmeras advertências que partem de diversos países, todavia, não detêm a decisão desesperada do USA, que diz precisar do petróleo do Golfo e destituir Saddam.
Além do mais, já está decidido que as tropas da Entente imperialista deverão ocupar o Iraque por longo tempo, controlar a produção petrolífera, “depurar a elite militar iraquiana e supervisionar a população civil”.
A estabilidade dos regimes pró-ianques na Jordânia e no Egito está, desde já, fortemente ameaçada.
Os ataques aos escritórios e empresas ligadas ao USA serão multiplicados, transformando o Oriente Médio numa fornalha de resistência que, prontamente, deverá superar o controle das autoridades teocráticas muçulmanas.
Potências européias até há pouco, manifestavam o desejo de desembaraçar-se de Saddam, visando manter a baixo custo, e de forma ilimitada, as reservas petrolíferas do Iraque.
Porém, preferiam métodos que evitassem o uso de tropas estrangeiras.
Provisoriamente, a Europa não pode desvencilhar-se do USA e de sua estratégia insana, capaz de irradiar-se pelo mundo inteiro, e levantar resistências divorciadas das instituições colaboracionistas sustentadas pela social democracia européia e pela CIA.
Além do mais, os despojos que o USA propõem distribuir, possibilitam o prosseguimento do projeto da União Européia — razão pela qual as potências européias inscreveram-se como colaboradoras do grande massacre que se avizinha, explica o IIEE.
Guerra, mesmo que a ONU não encontre armas
A administração Bush trabalhou forte a fim de impor ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução belicosa sobre as inspeções a serem feitas, para “provar” que o Iraque estaria produzindo armas de extermínio em massa.
O USA pode tê-las, o Iraque não.
Entre estes “trabalhos fortes” estava o afastamento do diplomata brasileiro Bustani, cuja presença na ONU impedia a realização dessas inspeções por achá-las desnecessárias.
Porque ele e a ONU sabiam, e sabem, que menos importa o fato dessas armas existirem, mas que a guerra seja evitada. Que moral terá a ONU depois disso e da evidente submissão aos interesses de Israel e do USA?
Enfim, tudo o que foi dito e feito em Washington indica que a intenção de Bush é provocar a guerra.
Os inspetores especialistas em desarmamento retornaram ao Iraque e preparam suas equipes. O governo ianque os pressiona para que modifiquem os pontos fundamentais de sua organização, dobrem o número de inspetores, a fim de infiltrar maior quantidade de agentes da CIA e aceitar a “generosa oferta” do USA em equipamento e transporte.
Hans Blix, chefe dos inspetores tem alguns problemas com Washington. Ele tentará manter a credibilidade da ONU.
Deve-se lembrar que a credibilidade da equipe de inspetores precedente foi denunciada, insofismavelmente, pela divulgação de estreitas ligações da equipe com a CIA, com o MI-6 britânico e com o Mossad israelense – aos quais forneceu as informações úteis. Vê-se que a inspeção não quer encontrar armas químicas ou biológicas, já que a agressão é inevitável, mas, identificar e mapear as defesas e áreas estratégicas iraquianas, facilitando uma eventual vitória, numa espionagem em larga escala à vista do povo iraquiano.
E se os inspetores não encontrarem armas de destruição massiva, não haverá guerra?
Falso, diz o ministro de Defesa do USA, Donald Rumsfeld:
“Isso só provará que os iraquianos conseguiram enganar o processo de inspeção” (?!).
O ridículo Collin Powell convidou o chefe de inspetores Hans Blix e o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei, para uma “entrevista” em Washington.
A maior parte dos oficiais de Washington pensa, com efeito, que Blix fará o que deve ser feito:
dar ao USA uma desculpa para desencadear a guerra.
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