" "MENTIRA SOBRE ARSENAIS É O MAIOR ESCÂNDALO DA HISTÓRIA DOS EUA, COM MOTIVOS IMPERIALISTAS" " (06/02/2004)
“Estávamos todos errados. Acho que não há armas químicas e biológicas no Iraque”
“Nós estávamos todos errados”, confessou o ex-chefe dos inspetores de armas, o norte-americano David Kay, em seu relatório sobre suas atividades de busca por “armas de destruição em massa” no Iraque, apresentado na quarta-feira, 28, na Comissão dos Serviços Armados do Senado dos EUA.
“A perspectiva de achar armas químicas e biológicas no Iraque é aproximadamente zero nesse momento. Eu acho que elas não existem”, continuou Kay.
“O que todos estavam falando são estoques produzidos ao final da última guerra do golfo (1991) e eu não acho que havia um programa de produção em larga escala nos anos 90”, acrescentou.
Kay demitira-se no dia 24 após - com um orçamento de US$ 900 milhões e chefiando 1.200 inspetores - vasculhar o Iraque durante meses para chegar à conclusão de que o governo iraquiano estava certo ao reiterar que não tinha tais armas.
As repercursões das revelações de Kay fizeram até o conservador Los Angeles Times, terceiro maior jornal norte-americano, a publicar artigo de Robert Scheer no qual o autor defende o impeachment de Bush ao iniciar seu texto questionando:
“Agora podemos falar de impeachment?”
O artigo destaca que “a lamentável admissão por parte do ex-chefe dos inspetores de armas dos EUA, David Kay, de que Sadam Hussein não possuía armas de destruição em massa nem meios para criá-las na época da invasão do Iraque pelos EUA confirma o fato de que o governo Bush é cúmplice nesse, inequivocamente, maior escândalo da história dos EUA”.
E acrescenta: “essa trapaça pública para nos levar à guerra com base em informações falsas ofusca escândalos baseados na ganância ou que tiveram por alvo opositores políticos, como no caso Watergate”.
O artigo cita ainda um documentário de Robert Greenwald, Uncovered, no qual um grupo de 23 ex-especialistas em inteligência dos EUA - entre eles “vários que se demitiram enojados” - se dispuseram a manifestar-se.
“A história que eles contam é a de uma administração que foi à guerra por razões claramente imperialistas e depois forjaram uma realidade para vendê-la ao povo americano”, enfatiza.
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