22/06/2007 - 14h37
Otan no banco dos réus pela morte de 25 civis em bombardeio 'por engano'
KANDAHAR, Afeganistão, 22 jun 2007 (AFP) - A força da Otan no Afeganistão foi colocada no banco dos réus nesta sexta-feira pela morte, segundo a polícia afegã, de 25 civis, entre os quais nove mulheres e três crianças, em bombardeios aéreos noturnos que tinham como alvo os talibãs no sul do país.
Pouco depois, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, pediu uma investigação sobre o bombardeio que classificou de "erro".
"Cada vítima civil inocente é uma vítima excessiva", declarou De Hoop Scheffer durante uma coletiva de imprensa em Quebec com o ministro canadense da Defesa, Gordon O'Connor.
"A Otan tenta evitar este tipo de acidente, mas infelizmente isso acontece e é sempre por erro", acrescentou.
Vinte 20 rebeldes também foram mortos nos combates que aconteceram na noite de quinta para sexta-feira na cidade de Kunjak, próxima da capital da província de Helmand, declarou à AFP o chefe da polícia da província, Mohammad Hassan, com números inverificáveis por parte de fonte independente.
"O avião bombardeou por engano duas ou três casas civis, matando 25 pessoas, dentre os quais nove mulheres, três bebês com idade entre dois e seis meses e o mulá da cidade, Abdul Hakim", afirmou ele.
Um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, sigla em inglês) da Otan, John Thomas, confirmou que um "confronto" envolvendo a aviação fez "vítimas" nesta província, foco de insurreição, para onde foram enviados principalmente soldados britânicos.
"Nós não sabemos, por enquanto, quem e quantas são estas vítimas", declarou o porta-voz, afirmando que um soldado da Otan foi ferido.
Num comunicado, a Isaf disse investigar a presença de um pequeno número de civis" numa casa onde se escondiam até 30 combatentes, a maioria deles morta no confronto.
Segundo a polícia, os combates começaram depois que os talibãs atacaram um comboio da Otan em Kunjak.
A Isaf acusou os rebeldes "de terem posto deliberadamente a vida de civis em perigo, provocando um confronto naquele determinado lugar".
A agência Acbar, que controla uma centena de ONGs afegãs e estrangeiras, condenou esta semana os bombardeios aéreos dos aliados em regiões residenciais que, muito freqüentemente, provocam "danos colaterais".
Segundo a Acbar, as forças internacionais e afegãs são responsáveis pela morte de mais de 230 civis, dentre os quais 60 mulheres e crianças desde o início deste ano no Afeganistão.
A título de comparação, o mesmo número de civis foi morto durante todo o ano de 2006 em operações das forças estrangeiras, segundo números do Human Rights Watch.
A argumentação quanto ao número de vítimas civis coincide com uma intensificação dos ataques talibãs que provocaram, depois da noite de quinta-feira, sete mortos na polícia.
No domingo, sete crianças foram mortas em uma missão aérea da coalizão sobre o comando americano contra uma escola corânica suspeita de abrigar os combatentes da Al-Qaeda.
Posteriormente, a coalizão reconheceu que não sabia que as crianças estavam no interior da escola.
A Isaf, por outro lado, admitiu nesta quinta-feira ser responsável pela morte de "certo número de civis" nos recentes combates em Oruzgan.
O ministério do Interior divulgou a morte de dez civis.
Mas o chefe do conselho provincial, Mawlawi Hamdullah, afirmou na segunda-feira que, segundo estimativas, até 60 civis foram mortos em três dias de combate nos bombardeios aéreos da Isaf e dos talibãs.
No fim de abril, cerca de 50 civis foram mortos, segundo a ONU, durante operação de forças americanas no oeste, que ocasionaram manifestações antiamericanas.
Em Bruxelas, ministros da Defesa de 26 países da Otan concordaram na semana passada em limitar ao máximo as perdas entre os civis, já que elas minam o apoio da população afegã à missão.
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