Após a invasão, iraquianos
“vivem como animais”
“vivem como animais”
Iraque após a invasão é pior do que com Saddam
Após a invasão, c ivis i raquianos
“vivem como animais”
“Nós estamos em uma situação terrível. Estou vendo minhas
crianças morrerem diante de mim, mas não posso fazer nada para
elas além de esperar e rezar”, disse Nawal Ismail, uma iraquiana
cujo marido foi seqüestrado.
A cada dia a situação de caos vivida no Iraque se intensifica, e os
estadunidenses, que imaginavam trazer segurança ao povo
iraquiano, se mostram perdidos. A média de mortos por atentados
cresce à medida que o tempo passa, e a guerra se vê distante do
fim.
A violência aumentou muito após o ataque na Mesquita Al-Askari,
criando uma situação de violência sectarista. Grupos rivais xiitas e
sunitas iniciaram uma guerra civil mais parecida como uma limpeza
étnica. Ao mesmo tempo, as forças estadunidenses que ocupam a
região não conseguem controlar a violência, que surge por todos os
lados.
Com o índice de violência mais alto e há muito tempo no Iraque,
mais de 100 mil civis, xiitas e sunitas, fugiram de suas casas à
procura de local seguro para se refugiarem. Esses iraquianos
fugitivos não têm outra opção a não ser se instalarem em pequenas
cidades, construídas por eles mesmos através de tendas, como
Shu’lah, em Bagdá, onde mais de 800 famílias estão unidas.
Antes da invasão estadunidense, xiitas e sunitas conviviam no
mesmo espaço, eram vizinhos, mas a falta de controle criou uma
nova situação no Iraque: famílias são obrigadas a deixar suas casas
para trás, vivendo em pequenas barracas sem luz ou água potável,
constantemente derrubadas pelas tempestades.
Além disso, nos campos de refugiados do Iraque não há segurança
para as famílias iraquianas. São vários os casos comprovados de
grupos rivais invadindo acampamentos à noite e matando todos que
vissem. Os constantes ataques sectaristas apenas incentivam os
próximos e as dimensões dos ataques crescem a cada dia.
Dhia Shalal al-Safi, um muçulmano xiita que morava em Bagdá até
o início da guerra civil, declarou sua indignação após ter muitos
membros de sua família mortos durante as noites no campo de
Shu’lah, onde habita hoje. “Nós (sunitas e xiitas) vivíamos como
irmãos. Agora, estamos reduzidos a isso – viver como animais na
terra. Como podemos continuar aqui? Onde mais podemos ir?”,
disse Shalal.
O número de civis iraquianos sem um lugar para morar cresce a
cada dia. Em abril, eram cerca de 65 mil. O número poderá chegar
a mais de 180 mil até a primeira metade do mês de junho. As
cidades estão sendo pouco a pouco esvaziadas, se tornando
apenas um campo de batalha entre a resistência iraquiana e os
soldados da invasão estadunidense.
Fonte:http://www.orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_9.pdf
A tensão entre grupos rivais no Iraque tende apenas a aumentar em
função da atual crise com o Irã. Grupos que antes apoiavam os
estadunidenses, pressionando os sunitas, agora começam a mudar
de idéia em função da maioria esmagadora de xiitas no Irã. No
momento, os estadunidenses estão sozinhos no Iraque: apoiados
por poucos, alvos para muitos.
Os civis iraquianos sentem que seu país está mais miserável e
ditatorial do que quando tinha Saddam Hussein como líder. Os
Estados Unidos e seus aliados, porém, invadiram o Iraque
supostamente com o objetivo de “tirar Saddam do poder e trazer a
liberdade ao povo iraquiano”. Parece que o Iraque é mais uma
derrota do exército estadunidense.
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