domingo, 17 de junho de 2007

Bush quer assassinar Sadam para encobrir fracasso da invasão

Para Vaticano, a pena ”é crime movido pela lógica da vingança”

A presidência da União Européia, atualmente exercida pela Finlândia, repeliu a sentença contra Sadam e pediu que ela “não seja aplicada neste caso”.

Também se manifestaram contra o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, o primeiro-ministro espanhol, José Luiz Zapatero, o chanceler francês Philippe Douste-Blazy e o Vaticano, que qualificou a decisão como “crime”.

O presidente da Cruz Vermelha Internacional, Juan Manuel Suárez del Toro, condenou a pena de morte e cobrou “que as instituições internacionais garantam julgamentos justos”.

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Mundo repele tentativa de Bush de assassinar presidente Sadam

ONU, OEA, União Européia, Vaticano, partidos e líderes políticos se manifestaram contra a sentença de morte ao presidente iraquiano arranjada pela corte-farsa do invasor às vésperas da eleição nos EUA

Dois dias – exatamente dois dias - antes das eleições nos EUA, em que o fracasso de Bush no Iraque é o assunto principal, o tribunal-farsa da ocupação anunciou “sentença” à pena de morte para o aprisionado presidente iraquiano Sadam Hussein, no assim-chamado “caso Dujail”.

Mesmo com o uso de todo tipo de expediente – do assassinato de advogados de defesa à forjicação de “provas” e testemunhas – a “corte” de Bush não conseguiu provar nada contra Sadam, nem contra ninguém.

Nem teria como.

148 elementos foram presos e depois executados, não por serem “xiitas”, mas por tentarem matar a tiros o presidente Sadam, em emboscada em Dujail em 1982, em conluio com os serviços secretos iranianos, país então em guerra com o Iraque.

Tratava-se de integrantes da facção da quinta-coluna que atendia pelo nome de “Dawa” e operava a partir de Teerã.

A mesma que, duas décadas depois, voltou, no colo dos marines.

Como qualquer outro Estado – e ainda mais em se tratando de um estado revolucionário -, o Iraque tinha todo o direito de prender, levar a julgamento, condenar e executar, de acordo com as leis e a constituição iraquiana, aqueles que haviam preparado e levado a cabo o atentado.

Já o “deslocamento de moradores de Dujail para outra região”, não difere do procedimento de diversos governos, no mundo inteiro, em época de guerra.

Por exemplo, na II Guerra Mundial, Roosevelt mandou internar em campos os japoneses e descendentes de japoneses.

Quanto às acusações de “assassinato de crianças” de Dujail, “violação de mulheres” e “tortura” são pura projeção dos crimes da CIA, das taras americanas e de Abu Graib.

Os iraquianos não são assim.

Quanto ao mais, o “tribunal” de Bush é uma fraude de cabo a rabo.

Foi instaurado pelo então vice-rei do Iraque, Paul Bremer, violando os Acordos de Guerra de Genebra, que proíbe a criação pelo invasor de tribunais. Depois, foi travestido de “iraquiano”, isto é, colaboracionista.

Mas não podia passar disso: a base do direito islâmico é a Sharia, muito diferente do atrasado direito anglo-saxão.

Por trás da fachada, uma equipe de juristas da CIA comanda o “julgamento” de uma sala oculta e dá as instruções aos fantoches.

O “tribunal” foi preparado vários anos antes da invasão.

Juízes, advogados e promotores foram treinados em Londres.

Bush gastou mais de 100 milhões de dólares na farsa.

Mas os juristas de fancaria não agüentam meia hora diante de Sadam e da verdade.

O “tribunal” de Bush também inovou em matéria de “procedimentos jurídicos”.

No dia seguinte da primeira “audiência”, um advogado de defesa foi emboscado e assassinado.

O que se repetiu com mais dois e outros sete auxiliares.

Só o chefe da equipe de advogados escapou de uma dúzia de atentados.

O primeiro juiz foi afastado por decisão do governo, assim como seu sucessor direto.

A defesa não pôde sequer apresentar seu pronunciamento final por escrito e o “juiz” Abdel Rahman decidiu encerrar a apresentação das testemunhas de defesa, deixando um grande número sem serem ouvidas.

Testemunhas de defesa foram presas até dentro do “tribunal” e torturadas para mudar seu depoimento.

Já as “testemunhas” de acusação se apresentavam escondidas por uma cortina, lendo o que lhes era mandado e com voz distorcida eletronicamente.

Gente que na época dos fatos tinha quatro anos dava “testemunho”.

Até morto mandou depoimento.

Tinha juiz encapuzado no estilo dos tribunais Fujimori.

Todo tipo de falsificação servia como “evidência” e a defesa não tinha acesso às supostas provas.

O chefe do “comitê de ligação com a defesa” era um cidadão americano.

Foram tantas as ilegalidades e arbitrariedades que até organizações notoriamente contra Sadam, como a Anistia Internacional e o “Human Rights Watch” admitiram que o julgamento é uma fraude.

Bush já gastou mais de 100 milhões de dólares no tribunal-farsa e parece que não vai servir para nada.

Esta semana a novidade, segundo os jornais dos EUA, era a montagem de postos de controle dentro da Zona Verde – o QG do invasor, cujo cerco o Baas anunciou estar acelerando.

A “sentença” de pretensão de assassinato de Sadam só vai levar mais gente às ruas por todo o Iraque, ampliando a luta armada da Resistência, o isolamento dos invasores e dos lacaios.

Ir para as ruas, com toque de recolher e tudo, com cartaz de Sadam, agora é coisa de todo dia no ocupado Iraque, passando por cima do toque de recolher.

Está na hora da Halliburton lucrar, investindo no promissor negócio dos sacos pretos de plástico – aqueles que servem para mandar de volta os EUA, mortos, os soldados que a máfia texana insiste em manter lá.

ANTONIO PIMENTA

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