sábado, 23 de junho de 2007

A juventude e a agressão ianque ao Iraque

José Ricardo Prieto

Em todo o mundo são feitas manifestações contra a guerra imperialista no Iraque.
Enquanto tropas anglo-ianques avançam com dificuldades devido à resistência iraquiana, protestos assumem dimensões maiores e violentas em todas as partes do globo. Predominam nesses protestos o sentimento antiimperialista e antiianque, não no sentido de disputas nacionais, mas uma declarada repulsa a tudo que recorda o império — aliada à consciência de que a defesa iraquiana é justa, enquanto a invasão desse país é um crime contra os povos. Soma-se à indignação crescente a posição cúmplice e subserviente da ONU, e o que há é uma situação explosiva mundo afora.Os principais alvos das manifestações têm sido até agora os símbolos e representações do USA, Reino Unido e Espanha (os três principais países da coligação imperialista): consulados, embaixadas, bancos, lanchonetes da rede McDonald’s, etc.
Brasil

Estudantes atacam consulado ianque

Em meio a palavras de ordem como "Morte aos ianques assassinos!" e desfraldando bandeiras vermelhas, estudantes lançam pedras e coquetéis molotovs na fachada do consulado ianque no Rio de Janeiro.
Em 24 de março, cerca de 90 estudantes do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), realizaram manifestações no Centro do Rio de Janeiro contra a guerra imperialista no Iraque. Súbito, nas imediações, voaram pedras e coquetéis molotovs em direção ao consulado do USA, em seguida, contra casas bancárias e uma lanchonete McDonald's. A polícia militar e a guarda municipal reprimiram o protesto e atacaram os manifestantes, prendendo quatro pessoas: Maria Aparecida de Souza, 27 anos, Pollyana Ladeia, 25 anos, Marcelo Ribeiro, 24 anos e Bárbara de Almeida Flores, 21 anos, todos de Minas Gerais. Eles foram detidos com extrema violência e, sob pressão do consulado ianque, permaneceram encarcerados por quatro dias, sendo liberados por falta de provas na madrugada de sexta-feira, dia 28.
Num ato-surpresa, realizado por volta da 15:45, os estudantes começaram a anunciar seus protestos, distribuindo panfletos e fazendo discursos ao megafone: "Estamos nos manifestando contra a agressão imperialista ao Iraque. Somos parte dos povos do mundo que se levantam contra a dominação ianque. Abaixo o imperialismo!" , diz um dos manifestos entregues à população do centro do Rio.
Em meio ao tumulto que se formou quando a polícia atacou os manifestantes, transeuntes imediatamente tomaram partido dos estudantes. No episódio das prisões, muitas pessoas vaiavam a PM, e se movimentavam para dificultar as detenções.
Entrevistados pela reportagem de AND quando saíam das delegacias, os jovens antiimperialistas do MEPR declararam: "Fomos detidos injustamente, agredidos pela PM e acusados, sem provas, de portar material explosivo. Passamos quatro dias em contato com detentos e detentas de várias delegacias e penitenciárias cariocas, vendo o sofrimento destas pessoas (...). Com tudo isso, reafirmamos nosso repúdio ao imperialismo ianque e nossa decisão de continuar nos opondo contra ele, contra a guerra no Iraque e a opressão dos povos de todo o mundo", concluem.
Duzentos e cinquenta mil em Madrid Cerca de 250 mil pessoas, dentre elas milhares de estudantes, se manifestaram no centro da Madrid, capital da Espanha. Os protestos são dirigidos contra o primeiro-ministro Aznar, o segundo principal porta-voz da guerra na Europa e o governo do Partido Popular (PP). Greves operárias se juntaram aos movimentos de paralisação nas escolas, durante as manifestações antiimperialistas.

Vinte mil na Alemanha

Em 24 de março, mais de 20 mil estudantes e trabalhadores, muitos dos quais palestinos, participaram de uma passeata em Hamburgo. Num dado momento, cerca de oito mil deles se desprenderam da passeata e desviaram seu caminho para o consulado ianque, gritando palavras de ordem contra a guerra. A polícia postou-se junto ao prédio, mas a multidão não se intimidou. Seguiu-se um confronto que resultou em três policiais feridos e cerca de 20 manifestantes presos.

Líbia

Também no dia 24 de março, a embaixada do Kuwait (que cedeu seu território para as manobras militares anglo-ianques) foi invadida em Trípoli. Os manifestantes retiraram a bandeira do Emirado e içaram a do Iraque em seu lugar.

América Latina

No Paraguai dois mil estudantes participaram de uma manifestação em repúdio à guerra, em Ciudad del Este, na região da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Na Argentina, milhares de estudantes, intelectuais e representantes de diversas categorias profissionais marcharam pelas ruas do centro, em Buenos Aires. Ruidosas manifestações marcaram os protestos, e alguns grupos pintaram a suástica na bandeira ianque, próximo ao consulado daquele país.

Estudantes nas ruas em Nova Iorque

Protestos também ocorrem, apesar de proibidos, no USA. Dia 27, cerca de três mil manifestantes, principalmente estudantes, participaram de um ato em frente ao Rockefeller Center, impedindo o trânsito numa das áreas mais movimentadas da cidade. A polícia nova-iorquina prendeu cerca de 200 manifestantes. Até agora, mais de 1.300 pessoas foram detidas e registradas por "ousarem" se manifestar contra Bush.

Cento e cinquenta mil em Atenas

Aproximadamente 150 mil pessoas, entre estudantes e trabalhadores, participaram de um grande protesto contra a guerra, em Atenas, capital da Grécia. As ruas foram tomadas pelos manifestantes, logo reprimidos pela polícia local. O cenário recordava o de uma batalha campal, com focos de incêndio, feridos e centenas de manifestantes presos.

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