domingo, 17 de junho de 2007

“Gás letal que matou curdos em Halabja foi lançado pelos iranianos”

Stephen Pelletiere, analista sênior da CIA sobre o Iraque, concluiu: “as condições dos corpos indicaram que eles foram mortos por um gás à base de cianeto – que, como se sabe, era usado pelo Irã e não pelo pelo exército iraquiano”

O ex-agente da CIA Stephen Pelletiere afirmou que a arma química – gás - que matou em Halabja, cidade do norte do Iraque, cerca de 5 mil curdos em março de 1988, foi disparada pelos iranianos e não pelo exército iraquiano.

Na sua condição de analista sênior da CIA sobre o Iraque no decorrer da Guerra Irã-Iraque, Pelletiere - também professor da Escola de Guerra do exército dos EUA de 1988 a 2000 – teve acesso ao material sigiloso da CIA sobre o assunto e também ao relatório secreto da DIA (espionagem do exército), que concluiu que “foi gás iraniano que matou os curdos, não iraquiano”.

Foi o próprio Pelletiere que no decorrer da agressão de 1991 encabeçou uma “investigação” do Pentágono sobre como os iraquianos lutariam contra os EUA, cujo relatório sigiloso entrava “em grandes detalhes sobre a questão de Halabja”.

Esse relatório registrava o dado essencial que permitia tirar essa conclusão de que o bombardeio de gás venenoso fora feito por iranianos:

“as condições dos corpos dos civis curdos indicaram que eles tinham sido mortos por um agente sanguíneo – isto é, um gás à base de cianeto – que, como se sabe, era usado pelo Irã’.

Os iraquianos – que tinham gás mostarda, que atua por princípio diferente – “não tinham agentes sanguíneos na época”, ressaltou Pelletiere.

As fotos dos cadáveres foram amplamente expostas na mídia internacional.

FANTASIA REACIONÁRIA

O relato, acaba, também, por desmontar a fantasia reacionária do “exército de Sadam jogando gás venenoso no seu próprio povo”, ao demonstrar ainda que a tragédia de Halabja ocorreu no decorrer de uma batalha entre iraquianos e iranianos – estes últimos no controle da cidade – que definiria o estratégico controle da maior represa do país, Darbanddikhan, e assim, das águas do Tigre e do Eufrates.

Portanto, se deu no meio de uma batalha e não tendo civis curdos como alvo.

Como destacou, “os civis que foram mortos tiveram o infortúnio de serem pegos no meio disso”.

Somente seis meses depois, em setembro de 1988, após o fim da guerra, foi que o Departamento de Estado, fingindo ignorar o relatório da CIA – que seria depois confirmado em detalhes pelo “estudo” da DIA -, passou a acusar o governo de Saddam de ter matado curdos com armas químicas em Halabja e, mais ainda, de seguir usando-as contra os curdos, o que foi firmemente desmentido por Bagdá.

O objetivo era apoiar os bandos de criminosos que durante a guerra se alinharam com o Irã, combatendo contra o Iraque, apostando no esquartejamento do país, e aos quais o governo iraquiano tratava, então, de dar o basta.

Os mesmos, aliás, que atualmente colaboram, entusiasticamente, com o invasor e que não escondem a simpatia por um oleoduto de Mossul a Haifa, Israel.

MENTIRAS REITERADAS

Essas mentiras eram repetidas reiteradamente, apesar de nunca terem apresentado uma só vítima que fosse.

Os que cruzavam a fronteira dirigindo-se à Turquia – país conhecido por ser o último lugar onde um “combatente curdo” de verdade iria –, apesar de serem gente com muita intimidade com a CIA, tudo o que puderam fabricar foram vagos “relatos”, logo convenientemente colhidos por enviados do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA e devidamente amplificados pela mídia imperial e a submissa.

Uma década depois, mais mentiras sobre as “armas químicas” de Sadam serviriam de pretexto para a invasão e o assalto ao petróleo.

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