quinta-feira, 21 de junho de 2007

Quem de fato usa armas de destruição em massa

Bagdá (INA, Iraq News Agency) — Um relatório de médicos do Ministério da Saúde, no Iraque, demonstrou tendências da epidemia de câncer no sul do país, no período de 1976 a 1999, e que a epidemiologia do câncer mudou em incidência, prevalência, distribuição geográfica e população de risco, no período pós-Guerra do Golfo. O estudo concluiu que, ao mesmo tempo em que a curva de risco da doença cresceu, uma forte correlação estatística foi encontrada entre a incidência do mal e a exposição à radiação do ambiente natural.
Basra, Miran e Dhigar (sul do Iraque) são localidades de maior risco comparativo a outras regiões do país menos expostas. Nessa região, há evidente relação entre o derramamento de urânio rádio ativo — usado pela coligação imperialista na invasão em 1991 — e a incidência de malignidade, após o estudo de médicos da Universidade de Basra, que indicaram o crescimento de 100%, para o período 1990-1999, nos casos de leucemia entre crianças menores de 15 anos. Outras doenças malignas tiveram, para o período, crescimento de 242%, tanto mais transformaram-se em tipos comuns de malignidade, e, em menor proporção, nefroblastomas, rabdomiosarcomas e meduloblastomas.
A incidência de câncer é bem conhecida e documentada em áreas adjacentes aos reatores nucleares em muitos países. Os níveis de radiação nessas áreas são maiores que o normal e têm sido a causa do aparecimento do elevado número de casos de câncer, especialmente leucemia. Na cidade de Basra, mais de 400 toneladas de urânio foram despejadas durante a Guerra do Golfo, o que causou elevados níveis de radiação na atmosfera, solo e água, além da exposição direta da população no período do conflito.
Hoje, cinco das dezessete famílias estudadas na região estão desenvolvendo câncer generalizado. As famílias restantes estão desenvolvendo diferentes tipos da doença: câncer da mama em onze pacientes (24,4%), linfomas em sete pacientes (15,5%) e leucemia aguda em cinco pacientes (10,6%), leucemia crônica em quatro pacientes (8,5%) e vinte pacientes estão com diferentes tipos de câncer. As altas doses de concentração de tório-234 encontradas em amostras do solo da região fazem prever um crescimento na ocorrência de casos de leucemia, cujo período de latência é curto. Casos sólidos de câncer aparecerão, segundo seu estado latente, na proporção de cinco casos para cada caso de leucemia.
Segundo testemunho do Dr. Al-Taha, do Colégio de Medicina da Universidade de Bagdá, a freqüência de crianças anormais (mutações, desordens cromossômicas, malformações) foi de 19,55% no período anterior à guerra. No pós-guerra, a incidência elevou-se a 29,83%. São anomalias afetando o esqueleto, especialmente o encurtamento de ossos, ou malformação de membros. Esses casos têm semelhança com os que ocorreram nos Estados Unidos entre os veteranos da Guerra do Golfo. Desordens metabólicas devido a deficiências de enzimas, também cresceram nas amostragens estudadas no pós-guerra. São crescentes ainda, casos de anomocefalias e hidrocefalias e malformações afetando os olhos. Catarata, anoftalmia, microofitalmia e ausência unilateral de globo ocular foram notadas em crianças de veteranos dessa guerra nos Estados Unidos.
Cléo Vieira-Vernier
com informações oficiais
Ano 1, n.7, março de 2003

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