domingo, 1 de julho de 2007

BUSH: PRESIDÊNCIA DELIRANTE

“…Por mais que o habitante da Casa Branca se empenhe em afirmar que a guerra fria já é passado, os seus actos e as suas palavras animam um novo clima de confrontação mundial estruturado em blocos, o que não é muito diferente do histórico conflito Este-Oeste” La Jornada - 11.06.07

Pouco antes de se iniciar a reunião do Grupo de nações mais poderosas do planeta, conhecido como G-8, o presidente dos Estados Unidos, George W Bush, atacou de novo o presidente russo, Vladimir Putin, a quem acusou de ser um obstáculo ao desenvolvimento democrático, lançou severas críticas à China, Bielo-Rússia, Cuba, Coreia do Norte, Sudão, Zimbabué, Irão, Venezuela, Uzbequistão e Vietname, referindo-se aos governos destes países como ditatoriais, carcerários e violadores das liberdades individuais.
Semelhantes expressões de hostilidade procedentes de uma superpotência militar que, como os Estados Unidos, não duvidou em invadir, arrasar e ocupar países que considera inimigos – Afeganistão e Iraque são apenas os exemplos mais recentes – não são desvalorizáveis por governo algum.
Por isso, as injúrias pronunciadas por Bush podem ter como efeito união entre os países referidos, por mais que não tenham, até agora, quase nada e comum, salvo encontrarem-se incluídos na lista de fobias da actual administração estadunidense.
Assim, por mais que o habitante da Casa Branca se empenhe em afirmar que a guerra fria já é passado, os seus actos e as suas palavras animam um novo clima de confrontação mundial estruturado em blocos, o que não é muito diferente do histórico conflito Este-Oeste.
Além disso, o actual governo dos Estados Unidos não tem a menor autoridade moral para advogar os direitos humanos noutros países:
Bush é o carcereiro de Guantanamo e de Abu Ghraib, o orquestrador da sinistra rede aérea da CIA – que se estende a vários continentes – para transportar centenas ou milhares de sequestrados para centros de tortura e prisões clandestinas, e responsável por severas restrições às liberdades civis e às garantias individuais no próprio território estadunidense.
Os relatórios de organizações independentes e prestigiosas como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional são consistentes a apontar Washington como a principal fonte de violações dos direitos humanos no mundo.
Finalmente, não pode ser tomado a sério um chefe de Estado que, na véspera de uma Cimeira em que, em teoria, se aspira restabelecer acordos, encarreirar acções conjuntas e atenuar ríspidez que caracteriza presentemente o ambiente internacional, se empenha em atiçar as tensões entre o seu país e a segunda potência nuclear do planeta e converta nações de todos os continentes noutras tantas encarnações do mal.
As declarações de Bush são, em suma, uma demonstração mais da miséria política e diplomática do actual governo dos Estados Unidos, miséria que foi um factor chave na sustentada perda de autoridade e influência de Washington no mundo.
Este artigo foi Editorial do La Jornada de 6 de Junho de 2007 Tradução de José Paulo Gascão

Nenhum comentário: