terça-feira, 3 de julho de 2007

AFEGANISTÃO: AS VÍTIMAS SÃO CIVIS


Mais de 25 civis foram mortos na última quinta-feira (28), no sul do
Afeganistão, por um bombardeio das forças inglesas de ocupação.
No dia seguinte, as forças da OTAN confirmaram ter matado
também dois civis iraquianos na província de Helmand, após
confundi-los com membros do Talibã, que aliás ganha força e
recupera o apoio do povo afegão a cada novo dia da ocupação
estrangeira do país.


Afeganistão: as vítimas são os civis


Mais de 25 civis, entre eles nove mulheres e três crianças, foram
mortos na última quinta-feira (28) no sul do Afeganistão por um
bombardeio das forças inglesas de ocupação. No dia seguinte, as
forças da OTAN confirmaram ter matado também dois civis
iraquianos na província de Helmand, após confundi-los com
membros do Talibã, que aliás ganha força e recupera o apoio do
povo afegão a cada novo dia da ocupação estrangeira do país.


Incidentes como esses se tornaram comuns na desastrosa guerra
do Afeganistão, mas pouco são divulgados pela mídia ocidental. O
crescente número de civis afegãos mortos pelas forças de
ocupação determinará o resultado final da invasão estrangeira no
país, que segue em seu sexto ano sem mostrar qualquer resultado
positivo para as maiores vítimas do plano ocidental – os inocentes
civis afegãos.

De acordo com a Associated Press, baseado em
dados de oficiais internacionais e do atual governo afegão próocidental,
as forças do Talibã mataram 168 civis desde junho desse
ano, contra 213 das forças de ocupação da OTAN. Esses dados
refletem o maior obstáculo das forças estrangeiras no país – a
crescente inclinação do povo afegão a favor do Talibã e contra a
ocupação, o que poderá reverter o quadro de seis anos atrás.
Apesar do acesso a tais números fornecidos pela ONU e pelo
governo afegão, é quase impossível saber os números exatos de
mortos em um país completamente assolado por seis anos de uma
violenta ocupação. Grande parte da violência no Afeganistão
acontece em áreas muito remotas do país, perigosas demais para
observadores independentes terem acesso. Em função disso, é
comum que até os dados das forças de ocupação, da ONU e de
oficiais afegãos variem muito. Outro fato que complica ainda mais a
situação é que muitas famílias afegãs preferem não relatar os casos
de mortes de familiares, preferindo enterrá-los imediatamente,
seguindo os costumes islâmicos. Essas mortes tão comuns não são
incluídas nos números dos órgãos internacionais.


O presidente pró-ocidental
afegão, Hamid Karzai, aliado
das forças de invasão, também
criticou a “falta de cuidado” dos
ataques da OTAN por todo o
Afeganistão.

“A vida afegã não
é barata e não deve ser tratada
como”,
disse ele ao acusar as forças estadunidenses e da OTAN de
usar força “extrema” e “desproporcional” nos recentes bombardeios
a áreas civis, que deixaram mais de 90 inocentes mortos no sul do
país.

Michael Shaikh, pesquisador no Afeganistão do grupo Human
Rights Watch, resumiu bem a atual situação:

“Quando você está em
sua casa e suas crianças foram mortas por bombas de mil quilos,
você não se importa se tal ataque era legal ou ilegal nas leis de
guerra. Você se importa simplesmente com a morte da sua família.
É isso que a OTAN não entende – cada erro desse tem um
profundo efeito na população afegã”.

http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_63.pdf

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