quarta-feira, 28 de novembro de 2007

QUEM LUTA NO IRAQUE?

Quem luta no Iraque?
Uma pergunta básica, mas poucos sabem responder




Quem é o inimigo?
Quem luta contra quem?
Passados quase 5 anos
desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque atrás das “armas
de destruição em massa” de Saddam Hussein, que nunca existiram,
essas são questões básicas e óbvias mas que, ao mesmo tempo,
não são fáceis de responder.

As forças estadunidenses
passaram por tantos planos fracassados nesse período, apoiando
uns e deixando de apoiar outros aleatoriamente, que não se sabe
mais quem é aliado e quem é inimigo.
Os sunitas iraquianos estão divididos.
O Partido Islâmico do Iraque,
que desde 2003 é parte do governo-fantoche iraquiano pós-Saddam
Hussein, e a aliança tribal de Al-Anbar
estão decididamente a favor
das forças de ocupação, procurando se integrar ao atual governo
iraquiano sob a retórica de “tolerar a ocupação”
.
Ao mesmo tempo,
a Resistência Iraquiana, que tem o Partido Ba’ath, de Saddam
Hussein, como um dos seus principais financiadores, se recusa a
negociar com as forças de ocupação, mas, ao mesmo tempo,
começa a ganhar espaço no atual governo iraquiano.

Recentemente, 22 grupos da Resistência anunciaram a criação de
uma frente única, sob a liderança de Izzat Ibrahim al-Douri, hoje o
homem do regime de Saddam Hussein mais procurado pelos
estadunidenses
.
Os sunitas do Ba’ath abriram diálogo com Ayad
Allawi, político xiita iraquiano
que se tornou o primeiro governante
do país da era pós-Saddam Hussein.
Allawi é um dos fundadores
do Acordo Nacional Iraquiano, um dos atuais partidos políticos
iraquianos no governo do país.

A batalha entre a classe trabalhadora e a elite xiita, representados
respectivamente pela Assembléia Suprema para a Revolução
Islâmica do Iraque e pelo Partido Islâmico Dawa, são parte do atual
governo-fantoche e têm o apoio dos Estados Unidos
.
Ao mesmo
tempo,
o Jaish al-Mahdi, a milícia do clérigo Muqtada al-Sadr,
causador de pelo menos 20% de todas as baixas estadunidenses
no Iraque desde 2003, freou suas operações depois do mês de
agosto, se organizando politicamente para a eventual retirada das
forças de ocupação.

Os curdos, minoria étnica no Iraque, se mantém politicamente a
favor das forças de ocupação
.
Cerca de 50 mil soldados da milícia
curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) apóiam os
Estados Unidos desde 2003 e auxiliaram a invasão do Iraque pelo
norte do país.
As primeiras batalhas de forças estadunidenses no
norte do Iraque foram baseadas em inteligência e assessoria dos
militantes curdos.
Em troca, os Estados Unidos garantiram que o
Curdistão, região semi-autônoma que o PKK controla e luta para
torná-la independente da Turquia e do Iraque, se tornaria uma
região sem a interferência das forças estadunidenses.
Apesar disso,
o PKK é designado oficialmente como uma organização terrorista
pelos próprios Estados Unidos, pela OTAN e pela União Européia, o
que os torna um aliado imprevisível.

A Al-Qaeda no Iraque reflete
com perfeição o caos gerado
pelas forças de ocupação no
Iraque – de fato, a Al-Qaeda
chegou ao Iraque
simultaneamente à ocupação,
um bônus à “liberdade e
democracia”
prometida ao povo iraquiano por George W. Bush.
Exatamente como as forças estadunidenses, a Al-Qaeda é mais um
órgão estrangeiro atormentando a política iraquiana
.
A milícia
sunita, espelhada na organização de Osama Bin Laden
, tem como
seu foco principal o ataque às forças de ocupação, mas
recentemente também tem investido contra a Resistência Iraquiana
e milícias xiitas, devido à oposição maciça do povo iraquiano quanto
às operações do grupo no país.

Esses são os principais grupos étnicos, religiosos e ideológicos
envolvidos com a atual destruição do Iraque, em função da
desastrosa invasão estadunidense do país.
Durante os quase cinco
anos de ocupação,
entre as dezenas de planos que foram testados,
todos esses grupos tiveram, em um momento ou outro, apoio dos
Estados Unidos.
Milícias curdas e xiitas tiveram apoio das forças de
ocupação contra os sunitas do Partido Ba’ath na invasão do país,
assim como milícias sunitas foram armadas pelos estadunidenses
para combater os xiitas pró-Irã, e até a própria Al-Qaeda entrou em
negociações com oficiais das forças de ocupação em função de
interesses semelhantes, porém conflitantes, que ambos têm no
país.
Em função da derrotada campanha estadunidense, não se
sabe mais quem é aliado e quem é inimigo no Iraque, e é por esse e
outros motivos que a ocupação do país deve se estender além do
planejado.

http://www.orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_84.pdf

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