segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As marcas da tortura

Sadam à corte-fantoche: “Ainda trago no corpo as marcas da tortura”

“Fui torturado. Bateram em mim em todos os lugares e os sinais estão em todo o corpo”, denunciou o líder iraquiano.
23 de Dezembro de 2005
Sadam à corte-farsa: “isso aqui é só teatro montado por Bush”

A farsa montada pelos invasores contra o Presidente do Iraque, Sadam Hussein, foi retomada no dia 21 e o líder iraquiano denunciou os agressores ianques: “Fui torturado. Bateram em mim em todos os lugares e os sinais estão em todo o corpo”, com a mesma disposição que o caracteriza desde o início da encenação, no mês de julho, quando apontou, dirigindo-se aos “juízes”: “vocês sabem que isso é tudo um teatro montado por Bush”.
Nas denúncias que ele formulou na sessão anterior, do dia 7, o dirigente destacou que sua defesa era na verdade a defesa do seu país ocupado, “eu não reclamo por mim. Eu o faço pelo destino do Iraque, e da nação, porque estou cheio de fé. A minha preocupação é com o meu povo e a minha nação”.

CRIME CONTRA A HUMANIDADE
Afirmara isso apontando para os verdadeiros criminosos, Bush, Cheney, Rice e os demais do bando que usurpou a Casa Branca, acobertados pela mídia ianque: “Será que o povo americano sabe o tipo de crime que sua nação cometeu contra a Humanidade?”

O advogado de defesa de Sadam, Khamis Al Ubeidi, destacou que as “testemunhas” que estão sendo apresentadas (a maioria escondidas atrás de uma cortina e com a voz eletronicamente distorcida) “não têm valor legal” e que “seus testemunhos são baseados em narrativas inverossímeis e ensaiadas”.
Um certo Haidari, que o “tribunal” colocou para acusar Saddam, contou que na época dos acontecimentos de Dujail - pelos quais acusam Sadam e outros membros do governo iraquiano - tinha apenas 14 anos e, depois de dizer que viu seu irmão ser torturado, acrescentou: “eu estava aterrorizado”.
Em uma diatribe, ele disse que foram presas pessoas de idade que variava “dos nove aos noventa”.
Ele com quatorze anos, no meio do massacre, lembrava das idades...
Outra testemunha prodígio.
Na sessão anterior outro acusador que na época também tinha quatorze anos, se lembrava dos nomes de 300 supostas vítimas (até o tribunal montado pelos invasores acusa a morte de 148)

Quando Haidari começou seu relato dizendo, “...quando Sadam entrou em Dujail...”, o Presidente do Iraque se pôs de pé e interpelou:
“Que Sadam?!”, ao que a “testemunha” imediatamente redarguiu:
“O ex-Presidente do Iraque”.

Haidari - sem apontar nenhuma evidência para tal - disse que o responsável pelas “torturas” era o meio irmão de Sadam, Barzan Al Tikrit, que se pôs de pé e denunciou: “você está mentindo” e acrescentou: “você é um cachorro”, o que forçou nova interrupção do tribunal por mais de uma hora.

Aliás, todas as vezes que os advogados de defesa questionavam Haidari sobre evidências, o juiz lacaio os interrompia - saindo em defesa dele, que fugia de responder - “atenham-se às questões colocadas pela testemunha”.

FITA GRAVADA DEPÕE NA “CORTE”
Outra “testemunha” falou atrás de uma cortina e uma terceira mandou uma fita gravada.

Os advogados da equipe de defesa de Sadam seguiram denunciando a falta de condições para exercer seu trabalho.
Dois advogados de defesa já foram mortos e o advogado Najib Al Nuami, do Catar, denunciou durante a sessão: “fomos ameaçados no aeroporto”.

“Não podemos continuar atuando neste caso com essa deficiência em segurança e com o impedimento de livre locomoção”.

Os advogados pediram condições de segurança também para as testemunhas de defesa.

TRIBUNAL DA OCUPAÇÃO
O mais conhecido dos defensores de Sadam, o ex-procurador-geral dos EUA, Ramsey Clark, denunciou a ilegalidade do tribunal em seu artigo, publicado no Los Angeles Times em 24 de janeiro deste ano, “Por que quero defender Sadam”: “a guerra causou dezenas de milhares de mortes de iraquianos e destruição generalizada de propriedade civil indispensável à vida. Bush, que iniciou a guerra, manifestou seu ódio a Hussein, pedindo publicamente a pena de morte”.

Ele desmascarou a farsa acrescentando que Bush “orquestrou a demonização de Hussein” e tem “um claro interesse em sua condenação”.

PRISÃO ILEGAL
Ramsey denunciou ainda que Sadam “está detido ilegalmente” e até a época em que escreveu o artigo “por mais de um ano sem encontrar um membro da família, amigo ou advogado de sua escolha e se encontra cercado pelos mesmos militares que maltrataram prisioneiros em Abu Graib e Guantánamo”.

O mau cheiro da farsa está tresandando a tal ponto que até um articulista da BBC, o professor Gery Simpsons que se apresenta como “especialista em direito internacional” teve de admitir que “a imparcialidade dos juízes vai ser posta em dúvida” e questionar: “é possível fazer justiça no contexto de uma ocupação estrangeira?”

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