domingo, 26 de agosto de 2007

A REAL RAZÃO PARA A GUERRA CONTRA O IRAQUE

A RAZÃO REAL PARA A GUERRA
O pesadelo do banco central dos EUA & a razão real para a guerra ao Iraque por W. Clark [*]
O maior pesadelo do Federal Reserve é que a OPEP , nas suas transacções internacionais, abandone o padrão dólar e adopte o padrão euro.
O Iraque efectuou esta mudança em Novembro de 2000 (quando o euro valia cerca de 80 centavos de dólar) e na verdade escapou com perfeição da firme depreciação do dólar frente ao euro (o dólar caiu 15% em relação ao euro em 2002).
A razão real porque a administração Bush quer um regime fantoche no Iraque — ou melhor, a razão porque o conglomerado empresarial-militar-industrial quer ali um governo fantoche — é que dessa forma o país reverterá ao padrão dólar e assim permanecerá.
(E ao mesmo tempo espera também vetar qualquer movimento mais vasto da OPEP em direcção ao euro, especialmente do Irão, o segundo maior produtor da OPEP que está a discutir activamente uma mudança para o euro nas suas exportações de petróleo).
Além disso, apesar de a Arábia Saudita ser um Estado cliente dos EUA, o regime saudita parece cada vez mais fraco/ameaçado por uma maciça intranquilidade civil.
Alguns analistas acreditam que uma Arábia Saudita revolucionária pode ser plausível devido a uma impopular invasão americana do Iraque (tal como no Irão cerca de 1979). Sem dúvida a administração Bush está agudamente consciente destes riscos.
Portanto, o quadro de pensamento neoconservador implica uma presença militar vasta e permanente na região do Golfo Pérsico numa era pós-Saddam, para a eventualidade de ser necessário cercar e capturar os campos petrolíferos sauditas no caso de um golpe por um grupo anti-ocidental.
Mas voltemos ao Iraque.
Saddam selou o seu destino quando, em fins de 2000, decidiu comutar para o euro (e posteriormente converter em euros o seu fundo de reserva de US$ 10 mil milhões).
A partir daquele momento, a fabricação de uma outra Guerra do Golfo tornava-se inevitável sob Bush II.
Somente as circunstâncias mais extremas podem eventualmente travar agora este desenlace e duvido muito que alguma coisa possa fazê-lo — excepto a substituição de Saddam por um regime flexível.
O GRANDE QUADRO
Na grande perspectiva conjunta, tudo o mais — além da divisa de reserva e das questões petrolíferas sauditas/iranianas (ou seja, as questões políticas internas e as críticas internacionais) — é periférico e tem consequências marginais para esta administração. Além disso, a ameaça dólar-euro é suficientemente poderosa para que eles prefiram arriscar um retrocesso económico a curto prazo a fim de evitar o crash do dólar a longo prazo com uma mudança do padrão da OPEP do dólar para o euro.
Tudo isto ajusta-se dentro do Grande Jogo mais vasto que abarca a Rússia, a Índia e a China.
Esta informação sobre a divisa utilizada na venda do petróleo do Iraque é omitida/censurada pelos media americanos, bem como pela administração Bush & pela Reserva Federal, pois tal verdade pode potencialmente reduzir a confiança dos investidores e dos consumidores, reduzir os empréstimos/gastos dos consumidores, criar pressão política para a formação de uma nova política energética que gradualmente nos afaste do petróleo do Médio Oriente e, naturalmente, travar a marcha rumo à guerra no Iraque.
Trata-se quase de um segredo de Estado.
Uma das poucas discussões acerca disso foi o artigo Baghdad Moves To Euro , publicado em Novembro de 2000 pela Radio Free Europe.
Por outro lado, o efeito de uma mutação do dólar para o euro por parte da OPEP seria que os países consumidores de petróleo teriam de despejar dólares das reservas dos seus bancos centrais e substituí-los por euros.
O dólar entraria em crash com uma desvalorização da ordem dos 20% a 40% e as consequências, em termos de colapso de divisas e inflação maciça, podem ser imaginadas (pense-se na crise de divisas da Argentina, por exemplo).
Haveria um fluxo de fundos estrangeiros para fora do mercado de capitais dos EUA e de activos denominados em dólares.
Haveria certamente uma corrida aos bancos tal como nos anos 30, o actual défice na balança de transacções correntes tornar-se-ia inútil, o financiamento défice orçamental cairia em default , e assim por diante.
Em resumo: o cenário básico de uma crise económica no 3º mundo. ____________ [*] do Indy Times O artigo "The Real Reasons for the Upcoming War With Iraq: A Macroeconomic and Geostrategic Analysis of the Unspoken Truth", de William Clark, encontra-se em http://www.ratical.org/ratville/CAH/RRiraqWar.html
Este artigo encontra-se em http://www.resistir.info/eua/pesadelo.html
PS: ARTIGO PUBLICADO EM 02/Fev/03, ANTES DA GUERRA DO IRAQUE.

O MOTIVO DA GUERRA CONTRA O IRAQUE

MILHARES DE CRIANÇAS, MULHERES E IDOSOS IRAQUIANOS FORAM ASSASSINADOS PELO EXÉRCITO GENOCIDA IANQUE PARA QUE OS AMERICANOS SE APOSSASSEM DOS CAMPOS DE PETRÓLEO DO PAÍS.
AS DECLARAÇÕES DE WOLFOWITZ, O VICE DE DEFESA DOS EUA NÃO DEIXAM DÚVIDAS.
04/06/2003 - 15h51 Vice de Rumsfeld diz que razão de guerra no Iraque foi petróleo da Folha Online
O vice-secretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, afirmou que "nadar em petróleo" foi a principal razão para a ação militar no Iraque, segundo o jornal alemão "Der Tagesspiegel".
Questionado sobre a razão de haver diferença nas negociações dos EUA com a Coréia do Norte e com o Iraque, o vice de Donald Rumsfeld respondeu:"A principal diferença é que no caso do Iraque, economicamente falando, nós simplesmente não tínhamos escolha. O país [Iraque] nada em um mar de petróleo".
Os comentários foram feitos por Wolfowitz em uma declaração a delegados em uma cúpula de segurança asiática em Cingapura no final de semana.
Os comentários seguem outra declaração polêmica de Wolfowitz, feita em uma entrevista à revista americana "Vanity Fair" no mês passado.
Ele disse à revista que "por razões que estão muito ligadas à burocracia do governo dos EUA, estabelecemos como ponto principal algo com que todos poderiam concordar: armas de destruição em massa".
Os governos de EUA e Reino Unido, que lideraram a guerra no Iraque, têm sido questionados sobre as verdadeiras razões da ação militar.
O principal motivo alegado para invadir o país, a existência de armas de destruição em massa, é alvo de dúvidas, uma vez que tais armas não foram encontradas.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Crimes de guerra
Homenagem ao Iraque
Yasmin Anukit*
Quando digo "homenagem ao Iraque", expresso minha profunda consternação pela agenda criminosa a que tem sido submetida esta terra.
Incluo aí a esperança de que a vitória dos povos do Oriente Médio possa conduzir à liberdade verdadeira e o desejo de que a fênix, um dia, renasça das cinzas.
Afinal, a águia é o emblema do Iraque.
A própria bandeira do país, constituída pelas três cores da "opus magna" (o branco da origem, o vermelho da exaltação e o negro da dissolução), indica a vocação de morrer e renascer infinitamente.
Sedimentando, às margens do Tigre e do Eufrates, a Mesopotâmia e, muitos milênios depois, o Califado, que desde Baghdad, inundaria o mundo, a alma do povo iraquiano sempre demonstrou uma consciência inexaurível das possibilidades de reengendramento da vida e da morte.
O próprio significado das "Mil e Uma Noites" designa o ciclo interminável do eterno retorno. Sobrepondo-se às cores da bandeira brilham as três estrelas verdes (Unidade, Liberdade e Socialismo) e o lema: Allah hu Akbar!"- Deus é Maior - indicando que, além da contingência, Ele permanece.
Alguns mitos falaciosos e equivocados serviram de legitimação arbitrária para a guerra.
Em primeiro lugar, a acusação sobre o uso de "armas químicas".
O Iraque admitiu o uso de armas químicas para pôr fim ao conflito de oito anos com o Irã, no momento em que a infantaria iraniana ameaçava assolá-los.
A verdade é que as potências do primeiro mundo reivindicam o monopólio exclusivo destas armas.
Sob a cobertura da "ameaça química iraquiana" - cujo precedente foi o ataque à aldeia curda de Hallabja, terminantemente negado pelo vice-primeiro ministro Tarik Aziz e pelo professor da Escola Superior de Guerra dos EUA, Stephan Pelletière - oculta-se o crime das Nações Unidas ao aprovar, na guerra do Golfo de 1991, o lançamento de mais de 300 toneladas de urano empobrecido sobre Basra, no sul, levando à morte lenta milhares de pessoas, por câncer, leucemia e deformações várias.
Desde então, o país tem sido bombardeado pela aliança anglo-americana, ininterruptamente, com armas não convencionais.
Além disso, despejou-se sobre as lavouras todo tipo de germes e vírus, contaminando, assim, a agricultura local e a água potável.
Agora vem o "golpe de misericórdia".
Esses bombardeios atingiram as chamadas "zonas de exclusão aérea", contrárias à lei internacional, pois o Iraque teria direito à defesa sobre aqueles 2/3 do território.
Passo a passo, a soberania do país foi minada, com fins à recolonização e redesenhamento do mapa geopolítico do Oriente Médio, sob a hegemonia de Israel.
Ao nacionalizar o petróleo em 1972, o Iraque quis garantir, com isso, sua emancipação econômica, bem como reverter, pelo socialismo, a distribuição da riqueza ao povo, mediante os serviços gratuitos de saúde, medicamentos e educação.
A República Popular Democrática do Iraque, visou, desde a revolução de 68, garantir a seus cidadãos, homens e mulheres, igualdade de direitos, sem distinção confessional ou tribalista, bem como arremessar a vanguarda da luta pela libertação dos povos árabes, incluindo a Palestina.
Tentando evitar isso, a Cia insuflou rebeliões no norte e no sul, para desestabilizar o governo central, aplicando a velha tática de "dividir para reinar".
Dizer que os EUA querem levar a "democracia" ao Iraque é, no mínimo, uma piada.
Sua meta é privatizar a grande estatal iraquiana,fazendo do país, o negócio do século.
O embargo econômico que a ONU ainda permite durar - na verdade, uma guerra biológica, histórica e civilizacional - demoliu sistematicamente todo o progresso que o Iraque havia conquistado antes.
A imagem midiática daquela terra é a de um deserto com poços de petróleo.
Mas ali existem mais de 500 mil sítios arqueológicos e monumentos inestimáveis: Mossul, rica por suas igrejas e mosteiros do século XIII; Najaf e Kerballah, cidades-santuários xiitas, que abrigam tumbas do Imam Ali e Al-Hussein, da família do Profeta, as figuras mais veneradas por todos os muçulmanos.
Cada pedaço do Iraque é uma relíquia onde se sobrepõem camadas imemoriais.
Na última guerra do Golfo, museus foram saqueados, entre eles, o grande Museu de Baghdad, tendo desaparecido milhares de peças de valor incalculável, fato que hoje se repete em proporções catastróficas.
Obras arquitetônicas como o zigurat de Ur, o arco sassânida de Ctesifonte, mesquitas preciosamente talhadas com revestimentos de ouro, universidades seculares, como Al-Mustansiria, tudo tem sido danificado e agora, mais uma vez, agonizam.
O governo pediu a colaboração da Unesco em 1991, mas esta lhe foi negada.
Um trabalho gigantesco foi feito por Saddam Hussein, antes da atual guerra, para esconder e proteger os valiosos tesouros do país - tão importantes quanto os do antigo Egito.
Para Saddam e para o partido Baath (renascimento) - pois seu objetivo é o renascimento da Nação Árabe - as relíquias arqueológicas e os monumentos históricos são o ponto de partida para reivindicar sua identidade cultural.
Hoje vemos a destruição chegar ao ponto culminante.
As ruínas da Babilônia foram arrasadas.
Saqueadores e incendiários (chamados de Ali Baba), comprometidos com os invasores, atearam fogo à Biblioteca Nacional de Baghdad e à Biblioteca de Alcorões, na deliberação criminosa de apagar a memória do Iraque, tanto dos tempos primordiais, como do Islam.
Por detrás do vandalismo ianque, esconde-se o complot milenar do sionismo internacional, que finalmente, após dois mil e quinhentos anos de espera, vai à desforra, vingando-se da destruição de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor, hoje comparado a Saddam Hussein.
Isso equivale a jogar o país no "tempo zero", a decapitar, sinistramente, o seu papel na história para beneficiar a nova ditadura da coca-cola.
Pergunta o jornalista Robert Fisk, ( The Independent ): "Quem mandou os incendiários? Quem quer destruir a identidade deste país?"
A ciber-guerra tecnológica contra a terra onde surgiu a escrita e onde o Islã atingiu o apogeu, implica numa "Nova Ordem Mundial" que deseja apagar os vestígios do passado e sabotar seu novo ímpeto.
Lixo radioativo foi reempregado pelo exército invasor.
Um povo antigo, cheio de sentimentos, fé, paixões, ideais e orgulho de suas origens, ainda resiste.
A abaya negra das mulheres do Iraque logo se transformará num símbolo de luto para toda a humanidade.
Mas as raízes do povo da Mesopotâmia estão solidamente cravadas nas fundações do tempo. Esperamos que renasçam ainda.
Já cerca de um ano antes desta guerra, Saddam escreveu: "Os bárbaros desta era desejam aniquilar a ' mãe da civilização'. Digam-lhes numa voz clara e alta: Ó demônios, erradicai vossas abominações contra nós, nosso museu vivo, testemunho e celeiro dos profetas, como Abraão. Digam-lhes para deixar nosso povo construir, construir até o topo e trabalhar para uma cooperação frutífera e pelo amor entre os homens. A despeito das feridas e injúrias lançadas à filha dos árabes (Baghdad), a tocha de luz para a humanidade prevalecerá, sua face esplêndida, cintilante, incandescente na fé, saudável e intocada pela desonra." (Saddam Hussein, 2002, discursos)
Mesopotâmia (1)
Era uma vez, a "terra entre dois rios": um arabesco ornado pelo vento, porto de antigos sonhos e navios... flor consagrada no jardim do tempo!
Tal terra foi chamada "paraíso": bíblico berço incólume da História!
Ali se ergueram torres cujo piso subiu ao alto cume em toda a glória!
Mas o Ocidente bárbaro e hostil, sem leme, sem raízes, nem passado, deitou à areia a água do cantil que à humanidade havia saciado!
É o videogame, a tecnologia rasgando a alma árabe, a mais secreta, é essa cultura da selvageria que abafa a voz eterna do Profeta!
O grito da Jihad, então, virá... e todo o mundo islâmico há de inflamar: "Meu sangue e vida dou por Baghdad!" Deus é Maior! "Allah hu Akbar!"
E os Anjos do Senhor, em altos brados, irão abrir as portas de Babel(2), louvando o sangue mártir derramado dos fedayin(3) em luta para o Céu!
________________________________*Professora de estudos Orientais, História da Arte e Civilização Islâmica)
(1) mesopotâmia: "terra entre rios"
(2) Babel: "porta de Deus"
(3) fedayin: "os que se sacrificam"

O MISTÉRIO DO IRAQUE

Você sabia que a terra onde se disputa uma guerra com interesses mundiais em razão do petróleo possui memoráveis histórias e mitos da civilização?
Se você não sabe, veja a seguir:
1. O jardim do Éden era no Iraque.
2. Mesopotâmia, onde agora é o Iraque, foi o berço da
civilização.
3. Noé construiu a Arca no Iraque.
4. A torre de Babel ficava no Iraque.
6. A
esposa de Isaac, Rebeca, era de Nahor, que ficava no Iraque.
7. Jacó encontrou-se com Raquel no Iraque.
8. Jonas rezou em Nínive, que ficava no Iraque.
9. Assíria, que ficava no Iraque, conquistou as dez tribos de Israel.
10. Babilônia, que ficava no Iraque, destruiu Jerusalém.
11. Daniel esteve na cova dos leões. Onde? No Iraque!
12. Baltazar, rei de Babilônia, viu a 'escrita na parede' no Iraque.
13. Nabucodonosor, rei da Babilônia, carregou os judeus prisioneiros através do Iraque.
14. Ezequiel fez suas orações no Iraque.
15. Os Reis Magos eram do Iraque.
16. Pedro também fez orações no Iraque.
17. O 'império do homem', descrito na Revelação, era a chamada
Babilônia, uma cidade do Iraque.
E você, provavelmente, não sabe esta:
Israel é a terra mais mencionada na Bíblia. Mas você sabe qual a segunda?
Isso mesmo!
IRAQUE, que, na Bíblia, corresponde a nomes como Babilônia, terra de Shinar, Mesopotâmia.
A palavra Mesopotâmia significa 'entre dois rios', mais exatamente entre os Rios Tigre e Eufrates.
O nome Iraque significa 'País com Raízes Profundas'
.
Certamente o Iraque é um país com raízes profundas e de enorme importância na Bíblia.

QUEM SÃO OS "MOCINHOS" OU OS "BANDIDOS"?

"A Ira da Águia" entre o presente e o futuro

Reprodução
A Ira da Àguia, Humberto Loureiro, conta história que se passa em 2017 em que os EUA decidem de uma vez por todas abocanhar os recursos naturais do Brasil

A Ira da Águia, Humberto Loureiro.

Porto Alegre: Literalis Editora, 2005,
350 páginas.

Chegou a hora de resenharmos o segundo romance brasileiro de guerra futura, posterior à invasão norte-americana do Iraque.
A Ira da Águia, aparentemente livro de estréia do médico carioca e engenheiro civil Humberto Loureiro, um ex-funcionário da Petrobrás, é em sua maior parte ambientado em 2017, quando a Amazônia brasileira enfrenta processo de internacionalização por trás de uma fachada de ajuda humanitária internacional.
Quando o Presidente da República, Carlos Brandt, tenta pôr um basta nessa situação, o país passa a sofrer a represália diplomática e militar dos Estados Unidos. Uma esquadra com um porta-aviões nuclear zarpa rumo à foz do Amazonas.
Nesse ponto, o romance faz uma digressão para o passado, contando a trajetória de vários personagens importantes para o contexto conflituoso de 2017, particularmente o jovem engenheiro e oficial de Marinha Norton Tavares de Mello, que fez, por acidente, uma descoberta tecnológica revolucionária e desestabilizadora em termos estratégicos: uma espécie de "raio da morte" que acelera brutalmente a progressão da corrosão dos metais.
O raio é usado pela primeira vez para deter o avanço da esquadra americana.
Esse detalhe empurra o romance para o terreno do techno-thriller popularizado por Tom Clancy, e pela estrutura da narrativa fica clara a influência do autor norte-americano e de outros praticantes desse tipo de ficção - como Ralph Peters e Craig Thomas.
O enredo se desenvolve em várias linhas simultâneas, que se sucedem em situações que vão se desdobrando e se concluindo, encorpando o suspense.
Na maioria das vezes, envolvem investigações de agentes secretos e tropas de elite americanas que tentam desvendar, pelo seqüestro e pela tortura de brasileiros em território nacional, o segredo da nova arma definitiva.
Cenas de combate naval chamam a atenção.
Loureiro fez uma boa pesquisa.
Considerando o quanto um "senso de enredo" é raro na literatura brasileira, ele se destaca acentuadamente, mas seu romance difere, em vários sentidos, do techno-thriller padrão.
Em primeiro lugar, o desenvolvimento é muito ligeiro. A norma dos romances de ficção popular norte-americana existe que a maioria, senão todas as situações da trama, recebam a mesma medida de desenvolvimento.
Em A Ira da Águia, embora o enredo avance em bom ritmo, há muita economia nas soluções dos dilemas e conflitos, e na caracterização dos personagens e situações. Se a norma fosse obedecida, o romance subiria das suas 350 páginas, para umas 650...
O outro aspecto é que o maniqueísmo nos romances americanos tende a ser atenuado ainda que os posicionamentos de heróis e vilões em geral seja claro. Alguma medida de ambigüidade moral costuma ser colocada, assim como o reconhecimento da legitimidade de algumas questões que movem os antagonistas dos heróis.
Um terrorista palestino pode ter suas motivações bem expostas, ou um general russo as suas, de modo que o leitor chegue a compreender os seus compromissos. Não é preciso dizer que uma enorme força dramática surge desse recurso.
Não é o caso com Loureiro, que repete com freqüência cenas em que Carter, o presidente americano, dialoga com seus assessores na Casa Branca e expõe sua ganância, seu desejo de submeter qualquer oposição terceiro-mundista e de conquistar e amealhar recursos naturais brasileiros sem qualquer véu de eufemismos ou de racionalizações.
Como está, o jogo internacional também é reduzido a quais nações os EUA podem deslocar no tabuleiro contra os brasileiros que insistem em desafiar o gigante militar: "Não podemos ficar de braços cruzados, vendo um país do Terceiro Mundo contrapor-se, abertamente, ao nosso sistema de vida, aos nossos interesses", não se cansa de repetir, o presidente americano.
Nesse jogo, o FMI é arma empunhada pelos EUA, assim como a OMC e o Conselho de Segurança da ONU. Loureiro também põe no mesmo saco ações internacionais tão diferentes quanto a intervenção da Otan na Iugoslávia para prevenir o genocídio da minoria albanesa, e a recente invasão do Iraque. Seriam duas faces da mesma moeda imperialista.
O reducionismo dos atores da trama é também interno ao Brasil - o livro parece concordar com Hugo Chavez:
"Nossos congressistas rezam pela cartilha norte-americana. Tudo o que eles querem, o congresso aprova...", afirma o Presidente Carlos Brandt, ao preparar um plano secreto com o Almirante de Esquadra Fernando Tavares, a eminência parda por trás do projeto de equipar fragatas brasileiras com o raio da morte.
O plano envolve o desvio de dinheiro da compra de vasos de guerra obsoletos dos americanos, para uma conta em paraíso fiscal, de onde - sem o conhecimento seja do corrupto congresso brasileiro, seja dos norte-americanos - financiariam a equipagem das fragatas. É um uso original das veredas costumeiras da corrupção, para realizar os objetivos da segurança nacional, aparentemente inalcançáveis por meios democráticos e transparentes. Ironia.
É claro que a exposição crua de uma verdade indizível freqüentemente é um recurso muito forte em uma criação literária.
Mas ao repeti-lo toda hora, o romance banaliza o recurso.
Enfim, a outra diferença de A Ira da Águia em relação ao techno-thriller americano é a falta de um herói em torno do qual a ação, por mais dispersa em linhas narrativas paralelas que seja, acaba orbitando.
Norton Tavares de Mello não um Jack Ryan, de Clancy.
Eu me arrisco a dizer que é no temor da apropriação da Amazônia por essa estereotipada ganância americana que se encontram as preocupações nacionalistas tanto da esquerda quanto da direita brasileiras, mas A Ira da Águia deixa patente o esquerdismo do autor, que põe na boca do Almirante Tavares uma linha de diálogo como esta: "O princípio fundamental do Capitalismo só protege quem tem o capital."
Mais tarde, quando Brandt revela ao povo brasileiro a natureza da ameaça americana, é da classe trabalhadora que vem o seu maior apoio, contra a vontade dos vendilhões do Congresso.
A inspiração no momento presente também é clara, apesar da década que nos separa do contexto do livro: a pista mais óbvia está na escolha dos nomes de certos personagens, como Clive Powers (Colin Powel), Madeleine Waters (Madeleine Albright, ex-embaixadora americana na ONU) e Francisco Mercadante (Aloizio Mercadante) e Miro Gomes (Ciro Gomes), na política brasileira do futuro.
Alguns nomes de militares americanos são gozadores, como o do Almirante Flood (flood = inundação) e do General Shelley, que, presume-se, seja da artilharia (shell = obus).
Mas as trezentas páginas faltantes se fazem sentir.

AVE DE RAPINA OU URUBU?


"Ave de rapina ou urubú.

Águia, nome comum de uma série de aves de rapina diurnas, algumas das quais se encontram entre os maiores membros de uma família em que se incluem também alguns abutres.

A águia tornou-se o símbolo de vários povos e governos, graças à bela postura e à fama de grande coragem e visao.

Sua figura esteve presente nas bandeiras dos exércitos da antiga Pérsia, das legiões de Roma e dos imperadores da Alemanha.

O emblema de Napoleão era a águia-dourada, e o emblema dos Morte-Americanos é a águia-de-cabeça-branca ou águia careca.

A águia de duas cabeças representa o espírito russo.

Mas a habilidade física da águia tem sido muito exagerada, ela não é capaz de carregar um carneiro ou uma criança. Suas vítimas habituais são cobras, marmotas, coelhos e lebres, ou seja, animais que não excedem seu próprio peso.

A Aguia morte-americana aprendeu a comer carne humana estrangeira faz algum tempo, faz da rapinagem humana internacional seu ganha pao, pior do que a Alemã de Hitler.

A Aguia de Morte-américa vasculha o mundo a procura de carcaças humanas habilmente produzidas por anos de boicote e/ou regime neo-liberal esgotados.

Os povos indigentes vivendo da mendicancia internacional sao seus alvos-carniça preferidos. Mas nao as come crú como seus antepassados, prefere bem passada a Napalm II ou Fósforo Branco e com uma porçao generosa do tempero Glutamato de Uranio.

É a evoluçao das espécies de Darwin, que Bush prefere simplesmente ignorar".

Postado por Faria


PARA ILUSTRAR:
Águia-americana
Características: Nome científico: Haliaetus leucocephalus
Nome Comum: Águia-americana
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Falconiformes
FAMÍLIA: Accipitridae
Nome em inglês: Bald Eagle
Outros nomes: águia-de-cabeça-brança-americana; águia-careca
Comprimento: 78 cm
Envergadura: 1,8 m a 2,25 mAsas: quadrangulares com extremidades penteoladas
Alimentação: Alimenta-se de peixes, que retira da água com suas garras afiadas.
Ninho: A águia-americana constrói seu ninho na copa de árvores, utilizando galhos, gravetos e grama seca.
A cada ano que passa a águia vai aumentando o seu ninho.
Habitat: vive principalmente perto do mar, de rios e lagos, desde o Alasca e a parte ártica do Canadá até o golfo do México.
Plumagem: A águia-americana adulta é facilmente reconhecida pela cabeça, pescoço e cauda brancos.
As águias mais novas têm a cabeça e a cauda marrons.
A plumagem branca só aparece quando a águia tem mais ou menos cinco anos de idade.
Bico: Como outras aves de rapina, possui um bico grande, curvo e afiado, que serve para dilacerar sua comida.
Comportamento: Elas formam casais permanentes e quando os filhotes conseguem voar e caçar sozinhos, são expulsos do ninho pelos pais que lhes negam alimento.
Ninhada: 2 ovos
Período de incubação: 1 1/2 mês
Pio: cacarejado chiado e áspero.
É um símbolo ameaçado.
Apesar de ser o símbolo nacional dos Estados Unidos, a águia-americana está ameaçada de desaparecer.
A caça, o envenenamento por mercúrio e a destruição de seu habitat natural são as causas da sua extinção na América do Norte.
Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

ONDE ESTÃO AS "TAIS" ARMAS QUÍMICAS DO IRAQUE?


"Interesse de esconder foi de quem vendeu.
Iraque; Importam as armas?
A imprensa morte-americana informa que as forças de operaçoes do exército encarregadas de buscar armas de destruiçao em massa no Iraque terminaram sua missao sem as achar em final de junho 2003.
O argumento de que Saddan possuia esta classe de armamento biológico, quimico ou nuclear foi o ponto fundamental sobre o que se apoiou a coalizao anglófona latrogenocida para invadir o Iraque e se apoderar do seus bens e extermnar seu povo.
Segue você crendo numa mentira que já foi admitida por Rumsfield, Cheney, Bush e Rice? Todos os morte-americanos no comando e envolvidos com o Iraque sao negociantes ou ex Executivos (CEO's) de empresas multinacionais de petroleo que andavam perdendo terreno para as Estatais.
Grande parte dessa história de Internacional Terrorismo Islamico, luta do Bem contra o Mal, Luta contra o Terror é cascata.
O combustível dessa e de outras guerras é o Petroleo.
Agora as armas nao importam mais.
Quem pensa que este assunto seja relevante para o desenrolar dos fatos evidentemente está de sacanagem com a comunidade e com vontade de irritar seus membros".
Postado por Faria


domingo, 19 de agosto de 2007

IRAQUE: atolado no pântano e no pânico

Iraque: um pântano com Carta Magna
La Jornada*
À primeira vista, o Iraque já conta com uma nova Constituição.
Segundo a contagem oficial do referendo realizado há dias, 78,6 por cento dos votantes aprovou a proposta de Carta Magna elaborada por um parlamento eleito sob ocupação, ao passo que o documento foi recusado por 21,4 por cento dos eleitores.
Os opositores à Constituição não conseguiram nem sequer que a recusa atingisse dois terços da votação em pelo menos três das 18 províncias do infortunado país árabe.
Tais resultados deram azo a que os governos das potências ocupantes, Estados Unidos e Grã-Bretanha em primeiro lugar, toquem os sinos e festejem a "normalização" iraquiana:
uma vez promulgada, esta Constituição estabelece que antes de 15 de Dezembro próximo o Iraque deverá realizar eleições para formar um novo governo com mandato de quatro anos para substituir as actuais autoridades provisórias que, de facto, encontram-se sob o comando dos ocupantes.
Desta forma obter-se-ia, pois, a inserção do Iraque numa democracia representativa e conseguir-se-ia estabelecer ali o estado de direito.
Por desgraça, as coisas são mais complicadas.
Cabe assinalar, à partida, que a entidade denominada "governo iraquiano", o actual ou seu sucessor, não governo senão em algumas zonas restritas das cidades, especialmente nos arredores das fortificações militares estadunidenses e britânicas, e sob o amparo delas.
A nova Constituição, por isso, terá validade na chamada Zona Verde de Bagdad e em alguns pontos mais do território do Iraque, onde a invasão significa ocupação de enclaves e não um controle efectivo do país.
Se fosse precisa uma prova disso, basta mencionar o mais recente ataque da resistência na capital iraquiana contra um conjunto de hotéis onde se hospedavam mercenários e jornalistas estrangeiros, ataque que foi lançado sem problemas a partir de uma praça de Bagdad.
Por outro lado, inclusive se o texto constitucional pudesse de alguma maneira ser aplicado na totalidade ou na maior parte dessa nação devastada, isso não abrandaria o ânimo rebelde dos sunitas, os quais são tidos como o principal bastião demográfico da resistência.
Pelo contrário, a vigência de várias das disposições constitucionais não faria senão exacerbar a fúria desse sector da população e, por conseguinte, a disposição de muitos dos seus integrantes para unirem-se à insurreição armada.
Além disso, a promulgação constitucional tornará muito mais difícil o arranque de um verdadeiro processo de paz, isto é: negociações entre os ocupantes e uma representação plural e equilibrada da sociedade iraquianas, única forma viável de resolver, ainda que a médio prazo, a catástrofe humana criada pelo governo Bush no Iraque, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
Não se deve esquecer, quanto a isso, que os recentes bombismos nos sistema de transporte público de Londres estão relacionados directamente com a presença de tropas inglesas no golfo Pérsico, nem que a Casa Branca já investiu 2 mil vidas de estadunidenses na sua aventura colonialista e que a sociedade do país vizinho está inequívoca e maioritariamente contra a continuação desta guerra sem mais perspectivas, para os Estados Unidos, senão a criação de oportunidades de negócio para umas quantas empresas da mafia presidencial e o regresso ao país de jovens mortos que foram levados vivos para o Iraque.
Em suma, a violenta e criminosa incursão militar contra o Iraque acabou sendo um mau negócio até para o próprio Bush, o qual nas presentes circunstâncias encontra-se politicamente acossado pelos efeitos da sua estupidez:
os escândalos pelas mentiras presidenciais anteriores à guerra e pelas torturas em Abu Ghraib e Guantánamo;
as evidências de corrupção e favoritismo na concessão de contratos para a "reconstrução" do Iraque;
a exasperação pela morte de estadunidenses, e as recentemente descobertas vendettas políticas da administração contra os seus críticos (como no caso de Valerie Plame, cuja condição de agente da CIA foi vazada para a imprensa pelo gabinete do vice-presidente Dick Cheney para atingir o esposo de Valerie, o diplomata Joseph Wilson, que se opunha à guerra).
Em 2 de Novembro próximo, primeiro aniversário da reeleição deste republicano, poderá apreciar-se a extensão e a profundidade do descontentamento dos estadunidenses contra o seu governo.
A coligação The World Can't Wait "O mundo não pode esperar" convocou, para essa data, uma jornada de protestos nas principais cidades estadunidenses. Finalmente, quanto mais as potências ocupantes e os seus aliados ocupantes se obstinem em prosseguir por semelhante via de "normalização", mais difícil lhes será saírem de um pântano que se estendeu do território iraquiano e acabou por chegar aos seus próprios países.
[*] Diário mexicano.
O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2005/10/26/edito.php Este editorial encontra-se em http://resistir.info/ .
27/Out/05

IMAGEM DISTORCIDA

Imagem distorcida
O Itamaraty fez uma pesquisa para avaliar a imagem do país entre a elite dos Estados Unidos. Foram entrevistados 217 formadores de opinião, como jornalistas, empresários, executivos, parlamentares e membros de organizações não-governamentais.
Um painel paradoxal emergiu dessa enquete (leia o quadro).
De um lado, os americanos mostraram-se razoavelmente informados sobre fatos econômicos do Brasil.
A maioria elogiou as privatizações.
Sete em cada dez declararam que a economia brasileira está melhor que há dez anos.
A metade deles acredita que o país "está no caminho certo" e 76% dizem que os Estados Unidos devem pressionar o governo brasileiro a cuidar do meio ambiente e dos direitos dos trabalhadores.
Uma fração dos entrevistados continuava a guardar velhos estereótipos, como a idéia de que o Brasil é um paraíso tropical.
Ou equívocos geográficos: um em cada cinco apontou Buenos Aires como a capital brasileira.
"O público americano em geral não é ignorante apenas em relação ao Brasil, mas ao mundo inteiro", afirma o embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, que encomendou a pesquisa.

Como os americanos vêem o Brasil
87% consideram o país grande parceiro comercial
76% dizem que os acordos comerciais com o Brasil devem prever normas que protejam o meio ambiente e os trabalhadores
68% acham que o Brasil é um paraíso tropical
45% sabem que a moeda brasileira é o real
39% dizem que a língua pátria é o espanhol23% acham que a capital brasileira é Buenos Aires
19% sabem que a capital é Brasília
Fonte: Itamaraty



GUERRA CONTRA O IRAQUE:AMPLIAÇÃO DO CONFLITO MUNDIAL

Austríacos temem que conflito no Iraque leve a guerra mundial
da Reuters, em Viena
Mais da metade dos austríacos questionados por uma pesquisa publicada hoje disse temer que uma guerra liderada pelos Estados Unidos para derrubar o presidente Saddam Hussein provoque uma guerra mundial.
Na sondagem da revista semanal News, 56% dos entrevistados afirmaram que "sim" quando questionados se acreditavam que uma guerra no Iraque poderia se ampliar para um conflito mundial, e 41% deles disseram que "não".
Dos consultados, 3% se declararam indecisos.
Um terço dos entrevistados disse que se sentia apreensivo por causa da guerra no Iraque.
Já o líder de extrema direita Joerg Haider, que apóia abertamente o Iraque contra os Estados Unidos, ofereceu, em uma entrevista também publicada pela News, asilo em sua Província para o ministro das Relações Exteriores iraquiano.
Haider, amigo de longa data do ministro Naji Sabri e duro crítico da política norte-americana no Oriente Médio, foi questionado sobre se Sabri poderia contar com refúgio na Caríntia, onde o líder austríaco é governador, caso a liderança do Iraque fosse forçada a deixar o país.
"Sempre há espaço em minha casa para um amigo", respondeu Haider. Os dois são amigos desde que Sabri foi embaixador em Viena, na década de 1990.
No mês passado, Haider elogiou o presidente Saddam Hussein como sendo um visionário árabe.
O governador austríaco acusa os EUA de irem para uma guerra no Iraque por petróleo.
"Eu pessoalmente ficaria satisfeito se os iraquianos tivessem êxito em se defender desta agressão", disse Haider à revista.
03/04/2003 - 12h40

O OUTRO LADO DA HISTÓRIA

Foto: muro da vergonha "Israel"
Foto: meninas armadas - libano-thumb

ESCOLHER O LADO CERTO DA HISTÓRIA
Zillah Branco*
A conscientização dos povos que leva à participação cada vez maior nas ações sociais obriga-nos a escolher sempre o lado certo da história.
Cada vez que analisamos os fatos políticos, que tomamos posição a favor ou contra uma estratégia de luta, somos obrigados eticamente a aprofundar o conhecimento sobre as raízes do problema e as suas conseqüências.
Não é fácil distinguir a responsabilidade política dos que provocam conflitos e daqueles que se defendem com as armas disponíveis mesmo que sejam bárbaras e desumanas sem o disfarce da tecnologia mais sofisticada.
O que não se pode é condenar como terroristas os que fazem guerrilha e guerra de resistência nacional quando agredidos por forças regulares ditatoriais ou de outro país dominador.
Se na luta popular utilizam os recursos que os transformam em bombas humanas ou se provocam a participação social nas ações, não se tornam “bárbaros” em comparação com os agressores que dispõem de alta tecnologia e exércitos regulares.
O agressor é o responsável pelas conseqüências bárbaras e terroristas da ação que promove.
Bush e seus assessores, mais os governos submissos ao imperialismo, como Israel e Inglaterra, por exemplo, promovem guerras com falsa publicidade de defesa da democracia e dos direitos humanos, invadem territórios alheios e matam civis em nome de uma absurda justiça que disfarça os seus mais mesquinhos interesses de poder econômico e político.
A mídia, alimentada na sua maioria por essas campanhas de falsa publicidade, mostra a luta dos que resistem muitas vezes com os recursos do terrorismo por falta de equipamentos e organização bélicos para fazer frente ao armamento sofisticado do imperialismo, e a imagem que fica é a de que o verdadeiro agressor é a vítima de bárbaros invasores.
Na mídia predomina o efeito da imagem e uma bomba atirada de longe parece mais “humanizada” que a explosão de dinamite que um soldado suicida carrega no seu corpo. O conceito de terrorismo hoje está preso à arma sem sofisticação, quando na verdade a alta tecnologia bélica e os recursos científicos aplicados à estratégia de ataque, têm uma dose de cinismo, de prepotência, de crueldade, de traição, do maior terror.
As populações usadas como escudo pelo invasor são as grandes vítimas e as guerras cirúrgicas praticadas pelo imperialismo, e agora especialmente por Israel, utilizam os serviços de espionagem e a corrupção para despejar mísseis diretamente sobre o carro, a casa, a aldeia onde pensam estar o seu inimigo, sabendo que muitos civis também serão mortos e cidades destruídas.
Esta é uma forma terrorista calculada para matar sem risco, mais grave que os que provocam morte e morrem juntos.
O terrorismo praticado por um Estado não tem qualquer justificação.
Há anos que Israel seqüestra, prende e mata palestinos e libaneses que lutam pelo desenvolvimento dos seus povos. São nove mil prisioneiros nas cadeias de Israel, incluindo mulheres e crianças, que provocaram o seqüestro de três soldados israelenses que serviriam como moeda de troca nas negociações pela paz regional.
A desproporção do número de prisioneiros por si só torna injustificável a agressão de Israel ao Líbano e Gaza.
Sem argumentos válidos os pretextos giram em torno da pretensão de “povo eleito” e “vitimas do holocausto nazista”, como se merecessem privilégios negados aos outros povos.
E, o apoio imperialista dos Estados Unidos interessados no domínio dos territórios árabes por razões econômicas e estratégicas, desmoraliza mais ainda as retensas justificações “histórico culturais” relativas ao anti-semitismo que são usadas para sensibilizar a opinião pública.
As populações daqueles paises sob bombardeio são vítimas inocentes do terror que é a guerra e a opressão, mas as populações de todo o mundo são vítimas dos enganos divulgados pela mídia que instigam preconceitos e ódios para dividir a humanidade mais uma vez como fez o nazismo há 60 anos.
Famílias dividem-se, amizades são desfeitas, em discussões mal conduzidas baseadas em falsas explicações dessa nova guerra que nada mais é que moderna versão do velho plano de domínio sobre os povos do Oriente Médio alimentado pela pressão constante de Israel como ponta de lança do imperialismo.
Muito já se escreveu sobre a velha estratégia expansionista de Israel, como o artigo de Gershon Knispel “As areias que engolem povos” (na revista Caros Amigos), e sobre os interesses imperialistas bem claros nas declarações de Condoleeza Rice quando disse: “Não vejo qualquer interesse na diplomacia se for para voltar ao status quo anterior entre Israel e o Líbano.
Penso que isso seria um erro.
O que nós estamos presenciando, de certa forma, é um começo, são as dores do parto de um novo Oriente Médio, e seja o que for que façamos, devemos estar certos de que avançamos para o novo Oriente Médio e que não voltaremos ao antigo” (publicado no jornal Avante! do PCP, Portugal Agosto/2006).
Não é novidade, pois em 1996 Israel enunciou um documento intitulado “Uma ruptura limpa: uma nova estratégia para a segurança” onde se prevê: a anulação dos acordos de paz de Oslo;
a eliminação de Iasser Arafat;
a anexação de territórios palestinos;
a derrubada de Saddam Husseim para desestabilizar a Síria e o Líbano;
o desmantelamento do Iraque com a criação de um Estado Palestino no seu território;
a utilização de Israel como base complementar do programa norte-americano de guerra das estrelas.
Bush já expressou o seu desejo de controlar as zonas ricas em hidrocarbonetos do Golfo da Guiné ao Mar Cáspio, passando pelo Golfo Pérsico, o que exige uma redefinição de fronteiras como a que está em curso.
Os que vivem em Israel e os que têm afeto por aquele povo, têm dificuldade em compreender a maquiavélica estratégia que vem sendo aplicada por aquele Estado desde 1957 e nas várias agressões aos povos vizinhos, o que provocou o nascimento de movimentos de resistência como o Hamas e o Hezbolá hoje acusados de terrorismo por se defenderem com armas de pedra ou homens bomba.
É preciso alcançar um distanciamento que permita ver o coletivo histórico apesar dos sacrifícios pessoais de quem vive naquele país.
Não está em causa o direito de existir um Estado de Israel, não voltamos ao tempo do anti-semitismo que foi gravado com o holocausto na Segunda Guerra.
Lamentavelmente o Governo de Israel é que tem assumido a posição nazista de ponta de lança do imperialismo contra os povos vizinhos prestando-se a abrir o caminho comandado pelos que ambicionam o controle das bacias de petróleo no Oriente Médio.
Perdeu a guerra contra o Líbano pela segunda vez, mas não desiste de permanecer no território que devastou cruelmente.
A ONU tem sido enfraquecida durante toda esta escalada bélica que acompanhou a destruição da União Soviética.
Mas as nações que defendem a democracia manifestaram o seu repúdio às chacinas feitas contra o povo libanês e terão de reerguer a instituição internacional que defende o direito dos povos para que o mundo não mergulhe na barbárie absoluta.
A história do expansionismo imperialista é antiga e tornou-se mais visível depois da queda da União Soviética.
Dialeticamente os antigos aliados da estratégia traçada pelos governos norte-americanos hoje se apercebem de que perdem a própria independência e dignidade nacional na subordinação que mantinham.
Foi expressiva a solidariedade das nações mais ricas com o Líbano e o isolamento dos governos de Israel e dos Estados Unidos como agressores.
Os caminhos da paz estão abertos e serão fortalecidos pela manifestação permanente de todos os povos.
Zillah Branco é cientista social e Conselheira do Cebrapaz.

A superioridade de Cuba

O caso dos atletas cubanos repatriados pelo governo brasileiro vai cedendo a fatos mais importantes no noticiário e está praticamente desaparecido das páginas dos jornais.
Sobreviveu ainda em algumas colunas, destacando-se a que foi publicada na última quarta-feira pelo jornalista Élio Gaspari na Folha de São Paulo.
Satírico e alegórico, faz crítica ferina ao ministro da Justiça, forçando a barra, pois é notória a distância que separa o petista gaúcho do comunismo.

Outros, menos hábeis, regurgitam sua bílis, grosseiros, mal-educados e inábeis que demonstram ser.
Incapazes de qualquer raciocínio inteligente, usam como recurso a ofensa. Foi o caso de um tal Glauco Fonseca para quem a posição dos comunistas relativamente ao aludido caso é “um primor de safadeza e desfaçatez”.
O despautério não merece resposta, mas o leitor deve ser informado de como se conduzem os escribas da direita, os cultores do neoliberalismo, serviçais e estipendiários do império.
Certamente era em gente dessa espécie que Balzac pensava quando se referia ao jornalismo como “lupanar do pensamento”.

O intento de envenenar as relações do Brasil com Cuba é recorrente nos porta-vozes da direita brasileira, tanto na mídia como na esfera política.
Mas as relações entre o nosso país e a Ilha revolucionária caribenha são sólidas, independentemente de qualquer campanha negativa.
Desde o reatamento das relações diplomáticas, durante a Nova República em 1985, até agora, nunca houve qualquer questão relevante que dispusesse os dois países em campos antagônicos.
Até mesmo os governos conservadores anteriores a Lula respeitaram Cuba e mantiveram com o país caribenho relações corretas, dentro dos critérios profissionais e universalistas do Itamaraty.
Em tempos mais remotos, quando o ex-presidente Jânio Quadros lançou os princípios da política externa independente, inaugurando nova etapa da diplomacia brasileira, o Brasil foi favorável a uma posição de convivência democrática com o país que acabara de fazer a vitoriosa Revolução.
Ao longo dessas décadas Cuba fez muitos amigos e admiradores no Brasil e não somente entre aqueles para quem a Revolução cubana foi e é fonte de inspiração.
Cuba granjeou prestígio entre os brasileiros pela dignidade e firmeza de suas posições, pelas suas atitudes solidárias, por sua franqueza e transparência.
Por isso fracassarão as tentativas de envenenar as relações desse valoroso país com o Brasil.

Quanto à tentativa de atacar Cuba e suas instituições a partir de posições obscurantistas, reiteramos:
Cuba resiste e avança porque seu povo protagoniza incessantemente a luta de idéias, está imbuído de valores progressistas, de pensamentos e ideais revolucionários.
É um povo que defende os valores da solidariedade, do progresso coletivo e do internacionalismo.
São valores praticados em todas as atividades sociais, inclusive no esporte.
Nisso reside sua superioridade.
Difícil de entender para quem cultua o individualismo, o mercantilismo, o mercenarismo e sucumbiu à moral degenerada da sociedade capitalista senil.
José Reinaldo de Carvalho*
Diretor de Comunicação do Cebrapaz

INIMIGOS PRINCIPAIS OU INIMIGO PRINCIPAL?

Na semana passada as duas maiores autoridades executoras da política de guerra do governo Bush, a secretária de Estado, Condoleeza Rice, e o da Defesa, Robert Gates, fizeram uma incursão no Oriente Médio.
Primeiramente foram juntos ao Egito.
Depois visitaram a Arábia Saudita. Em seguida, a delegação dividiu tarefas.
Rice seguiu viagem à Palestina ocupada (Jerusalém e Ramallah), enquanto Gates deslocou-se ao Kuweit e aos Emirados Árabes Unidos.

Na primeira etapa da visita, os secretários de Bush reuniram-se em Charm el-Cheik, no Egito, com representantes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Kuweit.

A missão teve três objetivos, todos relacionados com a aplicação do plano de reestruturação do Oriente Médio, a prioridade do segundo mandato de George W. Bush.

O primeiro objetivo foi conseguir apoio para estabilizar o Iraque.
Mais de quatro anos depois de iniciada a guerra de agressão, o imperialismo norte-americano colhe um retumbante fracasso.
O Iraque se insurgiu, as forças patrióticas foram capazes de organizar uma tenaz resistência, que inflige pesadas perdas humanas e materiais aos agressores (ver artigo “Por que os EUA perderam”, de Abdul al-Bayaty e Hanna al-Bayaty em www.cebrapaz.org.br).
É muito limitada a capacidade de ação desses países árabes no conflito iraquiano.
Por mais reacionários e pró-americanos que sejam, um envolvimento direto desses países ao lado das forças de ocupação atiça ainda mais o nacionalismo árabe, resultando no efeito contrário ao esperado.

Os emissários de Bush levaram na bagagem um pacote de ajuda militar para a aquisição de armamentos e tecnologia, no valor de 20 bilhões de dólares a serem negociados com a Arábia Saudita e outros países.
Ao Egito e Israel os belicistas estadunidenses ofereceram um pacote de ajuda militar da ordem de 43 bilhões de dólares.
A mensagem é clara.
Os Estados Unidos estão apostando em mais militarização da região, o que, independentemente de qualquer intenção proclamada, redundará em maior instabilidade.

O segundo objetivo foi fazer com que esses países exerçam pressão sobre o Irã no sentido de desencorajar a continuidade do programa nuclear desse país.
Ora, o Irã já sofreu duas resoluções da ONU ameaçando aplicar sanções caso não suspenda o programa nuclear, mas a atitude de Teerã é inabalável, não havendo qualquer sinal de que vá submeter-se aos ditames de Washington.
Disso se conclui que o exercício de pressões sobre o Irã, seja por parte dos Estados Unidos ou de interpostas forças também só acarretará mais instabilidade na região.

O terceiro objetivo relacionou-se com a Palestina.
Rice buscou envolver seus aliados nos esforços para organizar uma conferência de “paz” no final do ano.
Também nesse aspecto os resultados tendem a ser pífios.
A tática de distribuir migalhas tem por resultado o aprofundamento das divisões entre as diferentes forças que atuam naquele cenário.
A tentativa de isolamento, cerco e aniquilamento do movimento Hamas, que venceu as eleições, conduzirá a mais dilacerações, portanto a mais guerra, nunca à paz nem à criação de um verdadeiro Estado Palestino.
Além do que, é indefectível a posição pró-israelense do governo Bush.

Quem deu o principal argumento para atestar o fracasso da missão de Rice e Gates foram os próprios, quando proclamaram quem são os inimigos principais dos Estados Unidos na região: a Síria, o Irã, o Hezbolá e o Hamas.
A Síria e o Irã são dois países soberanos e não dão mostras de estar dispostos a renunciar aos seus objetivos nacionais.
Atacá-los militarmente cobraria um preço altíssimo que os EUA não estão em condições de pagar na presente situação.
Quanto ao Hezbolá e ao Hamas, são dois movimentos de resistência que já estão nos campos de batalha.
A amarga experiência israelense, derrotado pelo Hezbolá durante a guerra de julho-agosto do ano passado, indica que se trata de uma força difícil de aniquilar, pela sua capacidade de combate, pelas profundas raízes que deitou no seio da população libanesa e pelo imenso prestígio de que desfruta em todo o mundo árabe.
Quanto ao Hamas, desalojá-lo à força das posições que conquistou poderá representar uma tragédia humanitária numa Palestina já martirizada há muitas décadas.

Assim, é mais provável que, ao invés de alcançar os objetivos anunciados, o resultado da missão de Rice e Gates seja uma mais nítida caracterização do imperialismo norte-americano como o inimigo principal dos povos do Oriente Médio.
José Reinaldo de Carvalho*
jornalista é Diretor de Comunicação do Cebrapaz.

sábado, 18 de agosto de 2007

OS EUA ESTÃO CORRENDO ATRÁS DE UMA MIRAGEM



Porque os EUA perderam *
No Iraque os EUA são confrontados pela força da sociedade
geopolítica unida por milhares de anos.

por Abdul Ilah Albayaty e Hana Al Bayaty

Global Research , 22 de junho de 2007 .
weekly.ahram.org.eg

Há registros de que a resistência no Iraque está crescendo em tamanho e espalhando-se na sua capacidade de operar em um número cada vez maior de províncias, florescendo em muitas partes do território iraquiano.
De acordo com os EUA, isto decorre da intervenção de combatentes estrangeiros.
Na realidade, trata-se da recuperação do nacionalismo e da dignidade iraquianos. Enquanto a ocupação e seu governo lacaio continuam a encarcerar indiscriminada e massivamente cidadãos iraquianos suspeitos de manter elos com a resistência, parecem não ter a habilidade de quebrar as diferentes expressões iraquianas: armada, política e popular ou minar a simpatia que a Resistência Iraquiana desfruta entre a população. Diariamente, mesmo os mais amplos movimentos de opinião expressam sua rejeição à ocupação e seu governo títere.
A despeito do gasto de bilhões na implantação da guerra e em sua propaganda, como os planos do imperialismo dos EUA fracassaram no Iraque ?
Em primeiro lugar, seu fracasso é devido à incapacidade do governo dos EUA de reconhecer a impossibilidade de dividir o Iraque em Estados menores em conflito.
A nova aventura neocolonialista e erros de cálculos estão baseados em vários fatores, incluindo tomar seus desejos como se fossem realidade, sua confiança cega e isolada na força militar para alcançar seus propósitos, a obtenção de informações de alguns exilados iraquianos, marginais e alienados, e negação de estudar as características históricas, culturais e sociais do país que almejavam invadir e controlar.
Previamente à invasão e por todos estes desastrosos anos de ocupação, os EUA subestimaram a força do povo iraquiano e seu nacionalismo e cultura arraigados, que se uniram para enfrentar os planos imperialistas dos EUA com uma resistência imperturbável que emana de todos os estratos da sociedade iraquiana, inclusive das supostas bases aliadas.
Ingenuamente os EUA pensaram que poderiam usar a riqueza da sociedade iraquiana , caracterizada pelo seu cosmopolismo histórico e multiconfessionalismo, na tentativa de dividi-la sectariamente em muitas linhas, com a finalidade de controlar toda a sociedade iraquiana.
Os EUA estão correndo atrás de uma miragem.
O Iraque através de milhares de anos é composto por inúmeras etnias e religiosidades que convivem em solidariedade entre si, não importando suas diferenças: os cristãos, os sabbits, os yeziidies são igualmente ligados ao Iraque enquanto muçulmanos, e são tão iraquianos quanto os irmãos muçulmanos.
Todos os iraquianos, quaisquer que sejam suas etnias, religiões ou grupos sociais, são descendentes de sucessivas civilizações iraquianas e de sua história.
Os valores da vida comum na região geográfica chamada Iraque ou Mesopotâmia os unifica.
Aqueles que conhecem o Iraque, sua unidade árabe-muçulmana e sua história, estão conscientes de que aqueles que desejam dividir o Iraque e subjugá-lo à vontade de potências estrangeiras serão confrontados pelas forças milenares de uma sociedade unida, além dos interesses geopolíticos de sua região e da constituição da sua sociedade.
Nunca na história duas nações puderam co-habitar a bacia geográfica que agora se chama Iraque.
Sempre foi interesse do povo iraquiano se estabelecer nesta bacia, todas as sucessivas civilizações uniram-se num futuro geopolítico comum.
Se, no passado, os dois rios foram os fatores de união de todos os aspectos da vida da nação iraquiana, agora somam o papel dos interesses culturais, geopolíticos e da propriedade comum de uma terra e suas riquezas.
É verdade que há no Iraque diversos grupos políticos que se opunham à liderança do governo iraquiano antes da invasão e da destruição do Iraque.
Eles têm, como qualquer oposição, o direito de ser contrários ao governo nacional. Entretanto, alguns se apresentaram como colaboradores do imperialismo norte-americano e de seus aliados e do seu plano criminoso de dividir a terra, tanto por ignorância, ganância, ou por razões sectárias ou pessoais.
Eles serão atirados juntamente com os idealizadores deste plano no refugo da história. Ignoram que a relação antiga e complexa do Iraque com sua identidade e suas relações comuns com as nações vizinhas, assim como a experiência contemporânea com relação a políticas imperialistas, em direção ao progresso e ao desenvolvimento, especialmente os EUA após enfrentar 13 anos de sanções com vistas a incapacitar o Iraque.
Ao contrário destes grupos sectários, a própria população, independentemente de sua opção religiosa, étnica ou tendência política, já provou sua heróica resistência contra a tentativa de dividir o Iraque, e seu favorecimento à unidade e à integridade da nação iraquiana.
O Iraque está numa área que costumava ser chamada Mesopotâmia .
Todos os iraquianos são filhos e filhas desta história e são herdeiros de todas as civilizações que emergiram desta terra.
Onde os sumérios inventaram a escrita, os babilônios inventaram a lei; os assírios unificaram a região, seguidos pelos Abbasid que introduziram o avanço do “Estado de todos os cidadãos” e da solidariedade social, abrindo o caminho para a unificação da civilização árabe-muçulmana que sobrevive orgulhosamente até os nossos dias.
Desde então, o Iraque é baseado não na etnia ou na religião ou no sectarismo,mas na história iraquiana.
O povo iraquiano é a expressão de sua herança, não importando sua religião ou etnia. Quando o Iraque pude viver em paz e ter um Estado estável, o país provará que pode participar do engrandecimento da cultura humana e do desenvolvimento, criando uma grande civilização e incentivando a ordem regional.
Bagdá é o berço da civilização árabe-muçulmana.
O destino do Iraque continua a ser uma questão daqueles que decidem o destino árabe. Para os iraquianos e os árabes em geral, destruir Bagdá , é uma tentativa de destruir sua memória, sua identidade e seus interesses.
As características geopolíticas do Iraque são e sempre serão uma grande influência na histó
ria iraquiana.
Não é surpresa alguma o fato de os EUA escolheram ocupar o Iraque para garantir sua dominação regional e global.
Por meio da ocupação do Iraque, os EUA acreditavam que poderiam controlar toda a região e, por extensão, manter sua hegemonia unipolar.
Em primeiro lugar, o Iraque é um país rico em recursos naturais, seja petróleo, gás ou água.
Em segundo lugar, ele desfruta de uma posição geográfica central na região.
Esta posição sempre foi motivo da cobiça externa.
Nenhuma potência regional pode ser considerada sem o fato de ter feito tentativas de controlar ou enfraquecer o Iraque.
Na verdade, o Iraque é uma encruzilhada.
Seu território fornece a rota e a influência necessárias, para através do Irã, alcançar a Síria, a Jordânia e a bacia do Golfo Árabe.
O Iraque é também o centro de um caminho natural da Turquia ao Golfo e vice versa. Consequentemente, ao mesmo tempo em que o Iraque está no centro dos interesses estrangeiros, a segurança do país, sua estabilidade e unidade são também necessárias para todos estes países.
De fato, a mais leve deterioração das relações entre o Iraque e quaisquer das nações vizinhas, automaticamente prejudicaria a cooperação em toda a região e, por outro lado, qualquer vizinho que pretenda ter hegemonia sobre o Iraque representa um retrocesso para o Iraque e todas as nações vizinhas.
A única equação que serve aos interesses do Iraque é insistir em seu caráter árabe-muçulmano e nas boas e fraternas relações tanto com a Turquia, quanto com o Irã.
Se o Iraque rompesse relações com quaisquer dos seus vizinhos, ele reduziria sua capacidade de se beneficiar de sua posição central, prejudicando a cooperação e o desenvolvimento da infra-estrutura.
O país penalizaria sua indústria e sua agricultura, e cortaria o comércio regional necessário para o seu crescimento e progresso.
Quanto mais seus vizinhos florescerem e progredirem, mais o Iraque poderá ter oportunidades de se desenvolver por meio da cooperação entre eles.
O mito de que o desenvolvimento econômico, social e político da Turquia e do Irã poderia representar um perigo para o Iraque, fica como uma análise superficial e ignorante da relação entre estes Estados, e das leis que regem o desenvolvimento entre os países vivinhos.
De fato, quanto mais o Irã e a Turquia se desenvolverem e mais ricos forem, mais necessitarão de que o Iraque seja estável, próspero e unido.
Para isso, é preciso que o Iraque represente poder de compra de mercadorias e fonte de fatores de produção.
Ninguém pode tirar o Iraque de sua circunstância geopolítica e cultural.
O Iraque não pode ter relações com os EUA, a Rússia , a Europa ou Israel e ignorar os interesses árabe-muçulmanos.
É contra os interesses do Iraque e do povo iraquiano ser um mero protetorado do Irã ou de qualquer outro país.
O sonho de que o Iraque poderia ser subjugado pela ocupação EUA-Irã fracassou.
A livre vontade do Iraque e do povo iraquiano rejeita e rejeitará sempre, por meio de sua cultura e de seus interesses, ser subjugado a qualquer nação estrangeira seja ela regional ou uma superpotência global ou uma combinação entre ambas.
A história provou isso.
De fato, os planos dos EUA de destruir o Iraque enquanto nação e Estado não vão apenas contra os interesses de todos os iraquianos, mas de todas as nações vizinhas.
É uma ilusão, um plano não aplicável e sofre a resistência de todos os estratos da sociedade iraquiana.
Este plano criou tanta instabilidade que tornou impossível controlar, investir ou mesmo explorar os recursos do Iraque.
Ao abrir a porta para toda a sorte de interferência, a ocupação só podia resultar em um crime indescritível contra a humanidade e um desastre militar, econômico, político e moral para a própria ocupação.
O que a ocupação norte-americana e de seus aliados fizeram ao Iraque não apenas constitui crimes de guerra ou contra a humanidade; mas é algo que sempre será lembrado como o primeiro genocídio do século 21 e que o mundo, devido à polarização da mídia, não tem conhecimento de que isso não mudou a realidade que todos os iraquianos já conheciam.
Ao perpetrar um genocídio da civilização do Iraque, os EUA cometeram um suicídio moral.
Se os EUA não tivessem tentado este genocídio, seus planos jamais teriam dado certo. Ao perpetrarem o genocídio, os EUA anunciaram que sua moral estava arruinada e que seus planos não atingiriam o objetivo.
Para dividir o Iraque, uma sociedade com base na antiguidade, que existe há milhares de anos, em três ou mais protetorados fracos e conflitantes, os EUA têm de destruir toda a unidade iraquiana; em outras palavras, conduzir uma política que chega a ser uma ‘tabula rasa', que tem como objetivo toda a destruição do que a circunda, ou seja o Estado, a cultura, a história, a herança material, a sociedade, a sustentabilidade política, as instituições, o exército, os sistemas educacional, de saúde e judicial, a infra-estrutura , as comunicações, a identidade nacional, na verdade toda a essência do Iraque.
Isto interromperia e destruiria a existência de um povo vívido e seus valores morais e arruinaria o país por várias gerações , se não para toda a história.
Destruiria até mesmo a forma física das cidades.
A ocupação não oferece nada ao povo iraquiano além de um projeto organizado de extermínio, baseado na insanidade do “caos criativo”.
Nenhuma estatística pode incorporar a destruição que os EUA provocaram no Iraque. Eles dizimaram o Estado iraquiano e toda a classe popular e a classe média progressista do Iraque que provaram sua capacidade de gerenciar os recursos iraquianos de maneira independente, e de beneficiar a todos, tirando o Iraque da pobreza, da doença, do retrocesso e da ignorância.
A ocupação retrocedeu as liberdades civis de homens e mulheres ao patamar de 50 anos atrás.
Destruindo as garantias sociais, assassinou mais de um milhão de pessoas, além de mandar milhões para o exílio; orquestrou os esquadrões da morte e pilhou o país, inventou novos horrores de tortura e estupro; em nome de trazer a democracia, na verdade a ocupação trouxe a destruição material sobre uma massa popular, tendo como alvo obliterar sua psique, sua cultura, sua memória, seu tecido social, as suas instituições e as formas de administração, comércio e a vida diária. A ocupação atacou até mesmo as gerações ainda não-nascidas do Iraque com a destruição de 4.7 bilhões de urânio enriquecido ao ano.
A ocupação resultou na falência completa dos serviços públicos, indisponibilizando até mesmo os serviços básicos como o fornecimento de água e eletricidade. Num país com um patrimônio de 210 bilhões de barris de petróleo, sob a ocupação os iraquianos sofreram corte nos combustíveis.
A ocupação criou um estado de terror tal que famílias estão confinadas em casa, esperando para serem seqüestradas ou assassinadas a qualquer momento.
As pessoas são sumariamente executadas porque o nome de seu pai é Omar, Hussein ou Jean.
Antes da invasão e da destruição do Iraque, a maioria dos iraquianos sustentavam-se trabalhando em instituições públicas.
O Iraque possuía uma previdência social baseada no entendimento cultural comum a todos no Oriente de que a terra e suas riquezas são propriedade da nação.
Apoiada pelos recursos naturais do país, uma grande parte da população estava empregada nos sistema de saúde e educação, nas indústrias nacionais, e no exército nacional.
Desde a reforma agrária de 1959, seguida pelas nacionalizações de 1964, a classe média orientava o Estado e a sociedade.
Cerca de 70% da população iraquiana vivia nas cidades.
A nacionalização do setor petroleiro em 1971 levou ao aumento da classe média e à elevação dos padrões de vida dos setores mais pobres da população.
O plano de extermínio dos EUA tinha como alvo a destruição da classe media que naturalmente era herdeira da cultura, da ciência, da unidade, da dignidade, da luta por liberdade, o progresso e o desenvolvimento do povo iraquiano.
A ocupação tentou subjugar a classe média para torná-la em uma classe cabalmente feudal, feita de novos e antigos ladrões, seqüestradores, políticos marginais, trazendo de volta os extremistas religiosos, as gangues criminosas e os donos de terra que apareciam e desapareciam na situação criada pela ocupação.
Ficou evidente que mesmo antes da ocupação os EUA e seus aliados estavam correndo atrás de uma quimera.
Por que o povo iraquiano aceitaria e daria as boas vindas a um plano que o privaria de tudo e beneficiaria poucos?
A classe media marginalizada e empobrecida, a classe média instruída, a classe operária, todas perderam os benefícios que estavam implantados nacionalmente.
As mulheres e a juventude que sofreram com o desemprego e a ausência das liberdades civis, todos rejeitam a política dos EUA no Iraque.
Isto mostra que agora e no futuro a luta contra a ocupação nunca mais terá fim até que eventualmente ela seja derrotada com toda a sua política.
Sem a classe media, os EUA não podem construir um Estado que funcione.
A classe média iraquiana, com todas as suas partes incluídas, mais clara e mais ampla, e as classes trabalhadoras rejeitam a ocupação norte-americana e seus planos.
O povo iraquiano está resistindo e continuará a fazê-lo.
Se, devido à sua superioridade em poderio militar, os EUA continuarem a controlar bases como “A Zona Verde”, os iraquianos serão compelidos a continuar vivendo na resistência.
Entretanto, paralelamente, quanto mais tempo os EUA ocuparem o Iraque, mais pagarão com o sangue de seus jovens soldados, muito mais dinheiro será gasto, servindo às necessidades desta máquina de guerra sangrenta, cada vez mais sua imagem e reputação serão prejudicadas por todo o mundo, devido às suas políticas genocidas, e mais os EUA prejudicarão o futuro das suas novas gerações.
Por que todo este desperdício?
Os estrategistas norte-americanos, enquanto constróem o modelo deles para o Iraque, esquecem-se ou não atentam ao fato de que os movimentos sociais estão baseados na realidade sólida e na experiência vívida e não podem ser criados simplesmente pelo capricho de uma decisão política ou por meio de formas insidiosas de pressão por um ataque militar sobre a população pobre.
Pensando que eles poderiam ganhar no Iraque, dirigentes dos EUA consideram que tanques, estrategistas e táticos apenas têm de provar sua arrogância e ignorância.
Eles deveriam ler a história e analisar as realidades objetivas.
Nenhuma força estrangeira jamais será capaz de controlar o Iraque.
O país é pequeno, ma tem uma dignidade enorme, um legado de civilização sofisticado e com raízes na antiguidade e com muita experiência nacional em movimentos patrióticos.
Os EUA não podem mudar a vontade do povo de viver livre e sobrano em sua pátria, e sobre seus recursos naturais, como quaisquer outros povos do mundo.
Eles deviam ter perguntado aos britânicos.

Tradução do inglês por Maria Helena D Eugenio.
Abdul Ilah Albayaty é um analista político que vive na França e Hana Al Bayaty é membro do Comitê Executivo do Tribunal de Bruxelas contra os crimes de guerras. ( http://www.brusselstribunal.org/) (Do Brasil os Diretores do Cebrapaz, Socorro Gomes e José Reinaldo Carvalho, são consultores do Brussel's Tribunal (N.T.)