sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Resistência Iraquiana é o Povo Iraquiano

Acompanhando a seção "Resistência Iraquiana" do nosso jornal é possível entender melhor tudo o que está acontecendo - é muito mais complexo do que carros-bomba estourando por todo o lado, como a nossa televisão infelizmente nos mostra diariamente.
Começando, o termo "carros-bomba" é algo muito genérico.
Os estadunidenses usaram carros-bomba contra mesquitas xiitas no início da guerra para criar tensão sectária.
As milícias iranianas usaram carros-bomba contra bairros sunitas para expulsá-los de lá.
A Resistência Iraquiana usou carros-bomba contra as forças de ocupação para pressioná-los.
A definição comum que temos aqui no ocidente de "carros-bomba" é algo como se fosse "terrorismo de muçulmanos", e nada mais.
Porém a própria palavra "terrorismo" já não tem mais valor - se tivesse, os EUA seriam terroristas também.
O que acontece é que a Al-Qaeda nunca teve tanta força, porque jihadis do mundo inteiro estão no Iraque agora.
A Resistência Iraquiana conta com 95% de cidadãos iraquianos.
A Al-Qaeda no Iraque conta com apenas 25% de membros iraquianos.
Em 2004, quando a Al-Qaeda no Iraque iniciou atividades no país, eles eram cerca de 80% iraquianos - ou seja, muita gente de fora está entrando no grupo desde então.
Uma coisa que a mídia ocidental não explica muito bem é essa divisão entre Resistência Iraquiana e Al-Qaeda no Iraque - uma não tem absolutamente nenhuma ligação com a outra.
A Resistência são civis iraquianos, liderados em sua maioria por ex-soldados do regime de Saddam Hussein e membros do Ba'ath da Síria.
Eles atacam somente as forças estadunidenses de ocupação - nada de carros-bomba em centros públicos, ataques a civis, etc. São sunitas e xiitas juntos.
A Al-Qaeda no Iraque começou com um grupo de cerca de 8 mil homens, sendo a maioria deles mercenários contratados no Iraque.
Os líderes sendo estrangeiros de países vizinhos, e eu acredito que o principal deles, que liga o dinheiro ao grupo, seja um saudita.
O objetivo deles é diferente - Jihad contra os americanos ("os Cruzados"), e a fundação de um estado islâmico sunita em parte do Iraque.
Eles lutam, ao mesmo tempo, contra a influência xiita do Irã no Iraque, crescente diariamente.
Milícias de xiitas para matar sunitas (Jaish al-Mahdi) e milícias de sunitas para matar xiitas (Al-Qaeda) existem, mas não tem absolutamente nada haver com o Iraque. Simplemente estão usando o solo iraquiano para resolver seus probemas, agora que os EUA não conseguem controlar o que causaram e tudo virou terra de ninguém.
Quem mata civis no Iraque são: Jaish al-Mahdi, Al-Qaeda no Iraque e as forças estadunidenses.
A Resistência não mata civis.
Quem mata os civis iraquianos não são os iraquianos, como eu disse acima.
São gente de fora - Jaish al-Mahdi, Al-Qaeda e as forças estadunidenses.
Quem representa as vontades do povo iraquiano é a legítima Resistência Iraquiana, não esses acima.
A Resistência tem o apoio da população iraquiana.
Se eles matarem civis, perdem esse apoio, que é a única coisa que os mantém legítimos.
O interesse da Al-Qaeda, como Ayman al-Zawahiri já falou abertamente dezenas de vezes, é fundar um estado islâmico no Iraque assim que as forças estadunidenses saírem do país - que eles vão sair, em alguns anos, vão, com certeza.
Essa não é a preocupação deles.
O problema deles é o Jaish al-Mahdi, que tem objetivo semelhante.
Eles são mais inimigos um do outro do que dos estadunidenses.
A invasão do Iraque foi uma vitória para a Al-Qaeda e para o Jaish al-Madhi - sem ela, nada disso seria possível.
A Al-Qaeda iria continuar expandindo sua influência no norte da África, se aproximando da Europa, e o Jaish al-Mahdi ia continuar apenas com a parte de maioria xiita do Iraque.Ambos (Jaish al-Mahdi e Al-Qaeda) atacam as forças estadunidenses também, e se atacam mutuamente também - são duas guerras paralelas.
PORÉM, o mais importante é separar sunitas de xiitas, cada um pegar o seu espaço.
A Resistência é contra o invasor - os Estados Unidos.
O resto não é resistência, são acertos políticos de outros grupos não iraquianos, usando o solo iraquiano, agora que é uma terra sem leis, para resolver seus problemas abertamente.
Um dos meios não-violentos de enfrentar tudo isso é a própria mídia, mas a mídia ocidental serve apenas os interesses de umas poucas pessoas, e a mídia "não-ocidental" não tem muita voz no Ocidente - rs.
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