sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Armas dos EUA perdidas no Iraque

Negócios de uma guerra suja
Armas dos EUA perdidas no Iraque

Os militares norte-americanos perderam o rasto a milhares de armas enviadas para o Iraque.

A notícia surge na semana em que Bush pediu um reforço dos créditos de guerra.
Cerca de 200 mil armas, das quais espingardas automáticas modelo AK-47 e pistolas, terão desaparecido misteriosamente no Iraque entre Junho de 2004 e Setembro de 2005.
O material, avaliado em quase 20 mil milhões de dólares, alegadamente destinado a equipar as forças de segurança fiéis ao governo de Bagdad, foi distribuído sem controle e poderá ter nutrido os muitos grupos responsáveis pela violência sectária no país provocando o caos generalizado, um dos argumentos mais recorrentes da Casa Branca para justificar a continuação da ocupação do território.
Fontes do Pentágono citadas pelo The Washington Post garantem que o número de armas perdidas corresponde a aproximadamente 30 por cento do total enviado para o país nos últimos quatro anos.
No terreno, o general David Petraeus comprometeu-se pessoalmente com os esforços de investigação, mas no entretanto sobejam as suspeitas de negócios pouco claros e tráfico envolvendo os norte-americanos.
Negócio das arábias
Certo é que para além dos lucros acumulados pelas grandes multinacionais nos conhecidos acordos de «reconstrução» do Iraque, de apetrechamento de bases militares e prisões, ou de exploração das jazidas de petróleo, muitos outros milhões passam pelo país em transito para os bolsos do capital, tudo à custa de centenas de milhares de vidas humanas e da destruição de uma nação com cultura e património seculares.
Neste particular, poucos se ficam a rir e quase todos os que participam na ocupação parecem querer tirar os respectivos proveitos.
Segundo a Aid Watch, agência australiana que supervisiona a aplicação dos fundos de ajuda exterior por parte do seu governo, o executivo de Camberra terá usado mais de 150 milhões de dólares inicialmente destinados a auxílio humanitário para garantir negócios a empresas australianas.
O esquema montado em torno do organismo oficial encarregue de gerir os referidos montantes, a AusAid, carece ainda de uma investigação mais profunda por parte das autoridades, mas pelo que já se apurou o apoio financeiro serviu quase na totalidade para assegurar a manutenção dos contratos de importação de trigo australiano por parte do governo fantoche de Bagdad, o mesmo que, esta semana, viu um grupo de seis ministros vinculados com a ala sunita do poder abandonarem definitivamente o cada vez mais isolado executivo de Nuri al-Maliki.
Bush quer mais
Paralelamente, antes das habituais férias legislativas, o Congresso norte-americano discutiu e aprovou o orçamento da defesa para o ano de 2008, mas contrariamente ao que Bush pretendia, a maioria democrata adiou, mais uma vez, a aprovação dos créditos de guerra exigidos pelo presidente para suportar as ocupações do Iraque e Afeganistão.
Os mais de 600 mil milhões de dólares requeridos pela administração republicana são a maior cifra pedida pela Casa Branca ao parlamento federal para gastos militares desde a Segunda Guerra Mundial, superando mesmo os valores gastos no início da década de 50 com o conflito na península coreana.Repressão sem tréguasAo mesmo tempo que se discute nos EUA o financiamento da guerra, Bush conseguiu fazer aprovar no Congresso um mandato, válido por seis meses, que permite às agências de segurança nacionais e aos serviços secretos interceptar chamadas e mensagens de correio electrónico sem necessidade de autorização judicial.
Republicanos e alguns democratas viabilizaram a medida apresentada como de «combate ao terrorismo», mas a realidade é que tal programa viola grosseiramente os mais elementares direitos, liberdades e garantias dos cidadãos norte-americanos e dos demais habitantes do planeta, uma vez que as secretas de Washington podem espiar sem barreiras qualquer um de nós.
A repressão imperial nos EUA não dá tréguas e, esta semana, a CIA ganhou o processo interposto contra a ex-agente Valerie Plame.
Plame pretendia publicar a sua versão da história envolvendo o seu ex-marido, Joseph Wilson, membro do corpo diplomático norte-americano que afirmou que os EUA usaram falsos argumento para invadirem o Iraque, e a suposta revelação por parte da administração Bush da identidade de Valerie como forma de retaliação contra o embaixador, naquele que ficou conhecido como um dos maiores escândalos contemporâneos nos EUA.

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