A RAZÃO REAL PARA A GUERRA
O pesadelo do banco central dos EUA & a razão real para a guerra ao Iraque por W. Clark [*]
O maior pesadelo do Federal Reserve é que a OPEP , nas suas transacções internacionais, abandone o padrão dólar e adopte o padrão euro.
O Iraque efectuou esta mudança em Novembro de 2000 (quando o euro valia cerca de 80 centavos de dólar) e na verdade escapou com perfeição da firme depreciação do dólar frente ao euro (o dólar caiu 15% em relação ao euro em 2002).
A razão real porque a administração Bush quer um regime fantoche no Iraque — ou melhor, a razão porque o conglomerado empresarial-militar-industrial quer ali um governo fantoche — é que dessa forma o país reverterá ao padrão dólar e assim permanecerá.
(E ao mesmo tempo espera também vetar qualquer movimento mais vasto da OPEP em direcção ao euro, especialmente do Irão, o segundo maior produtor da OPEP que está a discutir activamente uma mudança para o euro nas suas exportações de petróleo).
Além disso, apesar de a Arábia Saudita ser um Estado cliente dos EUA, o regime saudita parece cada vez mais fraco/ameaçado por uma maciça intranquilidade civil.
Alguns analistas acreditam que uma Arábia Saudita revolucionária pode ser plausível devido a uma impopular invasão americana do Iraque (tal como no Irão cerca de 1979). Sem dúvida a administração Bush está agudamente consciente destes riscos.
Portanto, o quadro de pensamento neoconservador implica uma presença militar vasta e permanente na região do Golfo Pérsico numa era pós-Saddam, para a eventualidade de ser necessário cercar e capturar os campos petrolíferos sauditas no caso de um golpe por um grupo anti-ocidental.
Mas voltemos ao Iraque.
Saddam selou o seu destino quando, em fins de 2000, decidiu comutar para o euro (e posteriormente converter em euros o seu fundo de reserva de US$ 10 mil milhões).
A partir daquele momento, a fabricação de uma outra Guerra do Golfo tornava-se inevitável sob Bush II.
Somente as circunstâncias mais extremas podem eventualmente travar agora este desenlace e duvido muito que alguma coisa possa fazê-lo — excepto a substituição de Saddam por um regime flexível.
O GRANDE QUADRO
Na grande perspectiva conjunta, tudo o mais — além da divisa de reserva e das questões petrolíferas sauditas/iranianas (ou seja, as questões políticas internas e as críticas internacionais) — é periférico e tem consequências marginais para esta administração. Além disso, a ameaça dólar-euro é suficientemente poderosa para que eles prefiram arriscar um retrocesso económico a curto prazo a fim de evitar o crash do dólar a longo prazo com uma mudança do padrão da OPEP do dólar para o euro.
Tudo isto ajusta-se dentro do Grande Jogo mais vasto que abarca a Rússia, a Índia e a China.
Esta informação sobre a divisa utilizada na venda do petróleo do Iraque é omitida/censurada pelos media americanos, bem como pela administração Bush & pela Reserva Federal, pois tal verdade pode potencialmente reduzir a confiança dos investidores e dos consumidores, reduzir os empréstimos/gastos dos consumidores, criar pressão política para a formação de uma nova política energética que gradualmente nos afaste do petróleo do Médio Oriente e, naturalmente, travar a marcha rumo à guerra no Iraque.
Trata-se quase de um segredo de Estado.
Uma das poucas discussões acerca disso foi o artigo Baghdad Moves To Euro , publicado em Novembro de 2000 pela Radio Free Europe.
Por outro lado, o efeito de uma mutação do dólar para o euro por parte da OPEP seria que os países consumidores de petróleo teriam de despejar dólares das reservas dos seus bancos centrais e substituí-los por euros.
Por outro lado, o efeito de uma mutação do dólar para o euro por parte da OPEP seria que os países consumidores de petróleo teriam de despejar dólares das reservas dos seus bancos centrais e substituí-los por euros.
O dólar entraria em crash com uma desvalorização da ordem dos 20% a 40% e as consequências, em termos de colapso de divisas e inflação maciça, podem ser imaginadas (pense-se na crise de divisas da Argentina, por exemplo).
Haveria um fluxo de fundos estrangeiros para fora do mercado de capitais dos EUA e de activos denominados em dólares.
Haveria certamente uma corrida aos bancos tal como nos anos 30, o actual défice na balança de transacções correntes tornar-se-ia inútil, o financiamento défice orçamental cairia em default , e assim por diante.
Em resumo: o cenário básico de uma crise económica no 3º mundo. ____________ [*] do Indy Times O artigo "The Real Reasons for the Upcoming War With Iraq: A Macroeconomic and Geostrategic Analysis of the Unspoken Truth", de William Clark, encontra-se em http://www.ratical.org/ratville/CAH/RRiraqWar.html
Este artigo encontra-se em http://www.resistir.info/eua/pesadelo.html
PS: ARTIGO PUBLICADO EM 02/Fev/03, ANTES DA GUERRA DO IRAQUE.
PS: ARTIGO PUBLICADO EM 02/Fev/03, ANTES DA GUERRA DO IRAQUE.
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