sexta-feira, 17 de agosto de 2007

DIVISÕES RELIGIOSAS NO IRAQUE

The Independent: divisões religiosas no Iraque se aprofundam

As três principais comunidades religiosas do Iraque responderam de maneira diferente à derrubada do presidente Saddam Hussein e à ocupação, em 2003. Tais respostas aprofundaram as divisões entre elas.
Os muçulmanos sunitas, que são 20% dos 27 milhões de habitantes do Iraque e que foram a comunidade dominante durante centenas de anos, apoiou a resistência armada contra os Estados Unidos desde o início.
Os xiitas, que equivalem a 60% da população iraquiana, não fizeram resistência à ocupação, mas somente porque estavam convencidos de que mediante eleições assumiriam o poder, privilégio que acreditavam merecer por ser maioria.
A atitude perante os EUA pode estar mudando atualmente.
Somente os curdos, que são outros 20% da população, apoiaram totalmente a presença americana no Iraque.
As animosidades étnicas e sectárias no Iraque foram sempre mais profundas do que os próprios iraquianos admitiam, mas as divisões agora se converteram em abismos.
Cada dia que passa são menos numerosos os bairros de população mista em Bagdá.
Os xiitas, que integram provavelmente três quartos da população da capital, estão expulsando os sunitas, que estão sendo concentrados no sudoeste da cidade.
Cerca de 4,2 milhões de iraquianos fugiram de seus lares e se converteram em refugiados, seja para dentrou ou para fora do país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Os sunitas jamais aceitaram o predomínio dos xiitas e asseguram que eles não são mais que títeres dos iranianos.
Adnan Dulaimi, que encabeça o maior bloco do parlamento, a Frente do Acordo Iraquiano, advertiu esta semana que o governo do Iraque corre perigo de cair nas mãos dos "persas" e "safawíes", estes últimos são a dinastia iraniana que adotou o xiismo.
As pequenas minorias são as mais afetadas pela situação, pois não possuem milícias.
Os cristãos são considerados ao mesmo tempo vulneráveis e prósperos, o que os converte em alvo para seqüestradores.
Muitos fugiram do país e provavelmente têm mais facilidades para sair que os muçuilmanos, graças a contatos no exterior.
Algumas das comunidades mais antigas do mundo estão desaparecendo.
Aos cristãos que permaneceram no Iraque foi imposto um pagamento aos rebeldes, ou que se convertam ao Islã.
A comunidade dos Mandeos — gnósticos cujo profeta é João Batista — em Bagdá, uma vez foi famosa por seus profetas, ouríves e joalheiros, mas a suposta prosperidade que os fez célebres os converteram em objeto favorito dos criminosos.
Com freqüência se desconhece o tamanho real de uma minoria porque muitas delas exageram suas dimensões.
Os turcomenos se concentram em Kirkuk e seus alredores, mas também são dominantes na cidade de Tal Afar, a oeste de Mosul.
A Turquia assumiu a defesa dessa comunidade.
Uma bomba explodiu em 7 de julho em uma aldeia xiita-turcomena no sul de Kirkuk, matando 210 pessoas e ferindo 400.
É provável que tenham sido alvo da suposta rede al-Qaida.
Mais por serem xiitas que por serem turcomenos.
A província de Nínive, da qual Mosul é sua capital, é um mosaico de comunidades.
Há ali 350 mil Iaziditas, cuja religião tem elementos do zoroastrismo, maniqueísmo, judaísmo, proto-cristianismo e islamismo.
Estão também presentes os Shabakos, que falam uma variação do curdo e em sua maioria vivem a leste de Mosul.
As autoridades curdas querem que tanto yaziditas como shabakos votem como curdos e se unam ao governo regional do Curdistão, em um referendo que será celebrado no fim deste ano.
The Independent

La Jornada

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