Novo chefe do Pentágono diz que EUA perde guerra no Iraque e Grupo Baker-Hamilton confirma:
“Ataques às forças dos EUA com baixas têm média alarmante”
A confissão de desastre de Robert Gates no Senado aconteceu em paralelo à divulgação do relatório “bi-partidário” de James Baker e Lee Hamilton, que conclui não ser mais viável “manter o curso” e declara que a situação no Iraque é “grave e piora”
O novo chefe do Pentágono, Robert Gates, confessou na audiência de confirmação do seu nome no Senado, nesta terça-feira dia 5, que
os EUA “não estão ganhando a guerra” no Iraque.
A questão foi apresentada pelo senador democrata do Michi-gan, Carl Levin, que indagou dele “se os EUA estão vencendo no Iraque?”, obtendo como resposta:
“Não, Senhor”.
Gates, ex-diretor da CIA, foi aprovado e será empossado no dia 18, em substituição ao fracassado Donald Rumsfeld.
No dia da audiência, o Pentágono reconheceu a morte de dez soldados americanos e somente nos últimos dez dias a Resistência iraquiana derrubou um avião F-16 e quatro helicópteros.
A confissão de desastre de Gates aconteceu em paralelo à divulgação do relatório “bi-partidário” Baker-Hamilton, que afirma que não há mais como “manter o curso” e declara a situação no Iraque “grave e piorando”, e em meio aos boatos de que o próximo a rodar, depois de Rumsfeld e Bolton (o embaixador anti-ONU), será “Zal” – o atual vice-rei de Bush no Iraque.
Aliás, o próprio Gates era um dos dez integrantes da comissão, composta meio a meio por republicanos e democratas, mas cujo comando era, indiscutivelmente, do velho comparsa de Bush Pai, e ex-secretário de Estado, James Baker, convocado às pressas para colar com cuspe o que o Júnior quebrou.
LETALIDADE
Antes das 79 (setenta e nove!) sugestões para W. Bush, o relatório diagnostica que “a violência está aumentando em escopo e letalidade. Os ataques a forças americanas e as baixas americanas continuam ocorrendo com uma média alarmante.”
Haja lucidez.
Mas, propor um cronograma de retirada, claro e definido, que é bom, nada.
Vamos trabalhar para “criar as condições para as tropas americanas comecem a deixar o país de forma responsável”, prometeu Baker.
Quanto arrodeio, como diria o coronel marine e deputado democrata John Murtha, que defendeu publicamente a retirada imediata, o “cut and run” que o relatório tenta esconder. Mas não é provável que as manobras protelatórias enfeixadas no calhamaço de 142 páginas consigam saciar a sede do povo americano, conforme manifestou nas urnas de novembro, pela imediata retirada das tropas do Iraque, e menos ainda, do povo iraquiano e da Resistência.
Então, a “nova abordagem” de Baker irá, nos próximos meses, caso W. Bush se digne a aplicá-la, pelos ares, assim como muitos tanques Abrams, blindados Bradley e Humvees já foram.
Recentemente, duas personalidades com laços com a Resistência, o ex-embaixador do Iraque na Índia e no Vietnã, Salah Al Mukhtar, e o líder da Associação dos Clérigos Muçulmanos, Harith Al Dari, este refugiado após ter sua prisão decretada, relataram o quadro do ponto de vista da Resistência.
“O exército iraquiano está reconstruído e comanda as operações da Resistência por todo o Iraque. Estamos prontos para tomar o poder, quatro a cinco horas após a retirada dos EUA”, afirmou Al Mukhatar.
“A Resistência liquidou 25 mil soldados americanos, destruiu 5 mil veículos militares e derrubou 35 aviões”, destacou Al Dari.
TRUQUE NOVO
O novo truque do prestidigitador Baker é que a tropa colaboracionista faça o que as tropas americanas, muito mais armadas e treinadas, falharam.
Propõe quadruplicar – de cinco mil para 20 mil – o número de soldados americanos embutidos no treinamento e operações da tropa colaboracionista.
Antigamente, chamavam isso de “vietnamização” da ocupação, mas agora estamos no Iraque. Devem gostar muito daquele interessante filme sobre a fuga de Saigon e apreciar o calor que faz no caminho de Bagdá para o Kuwait.
O relatório também ameaça “tirar o apoio” do governo colaboracionista, se este “não funcionar”.
Tempos atrás, isso era conhecido como golpe e inclusive não faltaram boatos sobre o assunto na véspera da reunião do primeiro-fantoche Maliki com Bush.
A “nova abordagem” também tenta envolver os países vizinhos nas lides da ocupação.
PELA CULATRA
O relatório de Baker confessa ainda que a guerra baratinha, que seria paga com o petróleo roubado do país invadido, saiu pela culatra, e os custos da invasão podem ultrapassar US$ 2 trilhões.
Já o secretário de Defesa Gates, também conhecido como um dos figurões do escândalo “Irã-Contras”, resolveu, depois da confissão de que os EUA estão perdendo a guerra, lá pelo meio do depoimento, remendar que “não está perdendo nem ganhando”.
Deve estar marcando empate no placar, com decisão marcada, qualquer dia desses, no Estádio de Bagdá.
Vai ser um estrondo.
ANTONIO PIMENTA
ANTONIO PIMENTA
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