segunda-feira, 17 de setembro de 2007

OS VERDADEIROS CRIMINOSOS SERÃO PUNIDOS?

As leis são para todos?
Enquanto George W. Bush ironicamente discursava sobre o
“progresso” das forças estadunidenses no Iraque, ao visitar o país,
na semana passada, de maneira secreta por “questões de
segurança”, as tropas britânicas se retiravam de Al-Basra, o que
para muitos especialistas significou a derrota da coalizão na
principal província do Iraque.
No período atual da guerra, em que as
forças de ocupação iniciam os preparativos para a retirada do país,
nos perguntamos se as nações ricas, como os Estados Unidos e o
Reino Unido, irão um dia ser responsabilizadas pelo doloroso crime
contra a nação iraquiana.
Após mais de 4 anos de ocupação, o Iraque hoje representa o mais
dramático e destrutivo exemplo do que acontece quando os poderes
ocidentais enviam suas máquinas de destruição pelo mundo
baseando somente em seu senso de imperialismo.
Depois de
desmascarado o mito sobre as “armas de destruição em massa” de
Saddam Hussein – o motivo pelo qual o Iraque foi invadido – o
governo estadunidense passou a justificar a ocupação do Iraque
pela presença da Al-Qaeda no país.
O recente discurso de Bush
focou exatamente nesse ponto: “Vocês estão impedindo que a Al-
Qaeda use o Iraque como um lugar para planejar ataques contra os
Estados Unidos”
, disse ele aos soldados estadunidenses.
Ironicamente, porém, foi também comprovado por diversos órgãos
ocidentais (muitos deles estadunidenses) que a Al-Qaeda só
chegou ao Iraque após a invasão do país.
O Reino Unido, sob o
comando de Tony Blair, foi a ferramenta utilizada para criar a ilusão
de que o “perigo” que representava o Iraque era algo de nível
mundial, e que, portanto, uma coalizão internacional era necessária
para solucionar a questão.
Dessa forma, os principais aliados da
Guerra do Iraque fabricaram a frágil coalizão que hoje procura a
porta de saída do Iraque em chamas.
No entanto, serão eles
responsabilizados pelos crimes cometidos?
A aliança imperialista anglo-estadunidense causou uma crise
humanitária no Iraque.
De acordo com a ONU, cerca de 4,2 milhões
de iraquianos foram desabrigados até então, a maioria fugindo para
a Síria e a Jordânia.
O jornal médico britânico The Lancet realizou
um estudo que alerta que “os números de 655 mil civis iraquianos
mortos pela ocupação desde 2003 é subestimado”.
Além disso, os
líderes ocidentais somaram insultos aos danos causados,
subestimando e inteligência da população mundial (com sucesso
em alguns casos) ao inventar novos motivos para continuar a guerra
a cada vez que outro é desmascarado.
Infelizmente, para o terror
dos civis iraquianos, muitos líderes ocidentais compraram a teoria
de que a ocupação do Iraque era justificável pela presença da Al-
Qaeda no país.
Enfim, quando os superpoderes agem com
impunidade – ao invadir, destruir e abandonar outras nações – a
mensagem que recebemos é que fazemos parte de um jogo sem
regras.
Qual a conseqüência de tal realidade?
Quando todos os
criminosos saem impunes, ninguém tem um incentivo para agir
racionalmente, nem sequer pacificamente.
Os eleitores estadunidenses não puniram Bush por causa de seus
crimes de guerra e contra a humanidade no Iraque, Palestina e
Afeganistão – eles simplesmente o repreenderam por ter falhado
em realizar o sonho imperial de forma breve e barata.
Não houve
reclamações quando Bush destruiu um país inteiro.
Pelo contrário,
ele foi aclamado por homens e mulheres, que o enalteceram na
Câmara dos Deputados.
Ninguém falou sobre levá-lo a um tribunal
para responder a acusações por esses crimes – tal idéia nem
sequer existiu.
Os estadunidenses expressaram apenas a sua
frustração por não detonar iraquianos como seus ancestrais fizeram
tão facilmente com a população nativa da América do Norte.
Como
resultado, ante a um tribunal de crimes de guerra, Bush sempre
poderia afirmar, de maneira correta, que a
maioria dos Estados
Unidos estava com ele desde o início da guerra.

Todos que se calam perante tal
injustiça têm a sua parcela de
culpa no que acontece e no que virá.
Assim que os bombardeios
a Bagdá foram iniciados, a
consciência moral do Ocidente
evaporou-se – todos se calaram

e simplesmente esperaram pelo que viria a seguir.
Se a coalizão
criminosa liderada pelos Estados Unidos
conseguir entrar, destruir e
abandonar o Iraque – como está sendo feito, em um completo
vácuo moral movido pelos “valores ocidentais” de “progresso” – o
mundo certamente sofrerá as violentas conseqüências que se
seguirão, e será tarde demais para manifestações de paz e críticas
de direitos humanos.
Se a impunidade persistir, a popular sentença
de que “violência gera violência” jamais será tão verdadeira.
Se nos
calarmos, o sangue dos mártires terá sido derramado em vão.

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