segunda-feira, 24 de setembro de 2007

PUNIÇÃO PARA OS MERCENÁRIOS


Os mercenários impunes do
Iraque
Os agentes contratados não podem ser punidos

No último domingo (16), empregados da empresa estadunidense de
“segurança privada” Blackwater
, que emprega grande parte dos
mais de 18 mil mercenários que agem ao lado das forças de
ocupação no Iraque
, abriram fogo indiscriminadamente contra civis
iraquianos
em uma movimentada praça de Bagdá.


Os mercenários impunes do Iraque
No último domingo (16), empregados da empresa estadunidense de
“segurança privada” Blackwater, que emprega grande parte dos
mais de 18 mil mercenários que agem ao lado das forças de
ocupação no Iraque, abriram fogo indiscriminadamente contra civis
iraquianos em uma movimentada praça de Bagdá, deixando 11
mortos, entre eles um policial iraquiano.
O novo crime representou o
fim da tolerância do povo iraquiano para quanto à empresa
estadunidense, que já cometeu crimes semelhantes no passado e
acredita-se que tenha iniciado e estimulado os ataques sectários
entre sunitas e xiitas no país desde 2004.
Um dia após o crime, o Ministério do Interior do Iraque finalmente
cancelou a licença da empresa para agir no país.
O primeiro-ministro
do governo iraquiano pró-ocupação
, Nouri al-Maliki, afirmou
que “o crime gerou muito ódio no governo e no povo iraquiano
quanto à empresa”
e que “não será tolerada a matança de nossos
civis a sangue frio”
.
Segundo o diretor de operações do ministério
iraquiano, Abdul Karim Khalaf, o governo iraquiano irá processar
qualquer empresa que usar “força excessiva”.
A decisão do governo iraquiano marca uma mudança drástica de
postura, que reflete a atual crise entre quem os colocou no poder,
George W. Bush, e os mesmos.
Recentemente, o governo iraquiano
tem criticado o contínuo insucesso das forças estadunidenses no
Iraque, classificando o “novo plano de segurança” de George W.
Bush – o mesmo que ele afirmou recentemente estar sendo um
“sucesso” – como “mais uma estratégia inútil”.
Ao mesmo tempo,
Bush procura culpar a ineficácia do governo iraquiano pelo fracasso
na ocupação do país.
A nova postura do governo iraquiano, mesmo
que não passe de uma simples máscara, reflete a crescente tensão
interna em um período em que as forças de ocupação começam a
falar em deixar o país.
Certamente, o governo de Nouri al-Maliki não
se manterá por muito tempo após o Iraque ser abandonado pelos
Estados Unidos
.
A decisão de banir a Blackwater é apenas um
passo em falso para conquistar um pouco do apoio popular
iraquiano em um momento de incerteza.
Expulsar a Blackwater do país (pelo menos na “história oficial”) é o
máximo que os iraquianos podem fazer.
O estado legal de
mercenários estrangeiros contratados para “fazer o trabalho sujo”
no Iraque é uma questão que não tem justificativa.
Eles se
encontram em um limbo, fora dos limites das leis – por isso agem
como agem, pois sairão impunes.
O estadunidense Peter W. Singer,
especialista em empresas de segurança dos Estados Unidos,
afirmou que o governo ou povo iraquiano só terá a oportunidade de
processar os culpados pelos crimes se o governo estadunidense
concordar com o caso.
Segundo ele, “dependerá se o governo
estadunidense irá entregar seus empregados para um tribunal

iraquiano, o que é logicamente improvável”.


A Blackwater tem um contrato
estimado em US$ 300 milhões
(cerca de R$ 575 milhões) com
o Departamento de Estado
estadunidense para fazer a
“segurança de seus funcionários
e equipamentos” no Iraque –


pelo menos é essa a proposta oficial, que obviamente não reflete a
realidade.

Para os mais de 182 mil mercenários contratados por
diversas empresas ligadas aos governos da coalizão, não existe
qualquer ponto legal em que se especifique qualquer tipo de
conseqüência por ações criminosas, algo que para os contratados e
os contratantes representa uma segurança.

Apesar de estarem
sempre fortemente armados
, muitos desses agentes não recebem
um treinamento apropriado, possibilitando às empresas contratarem
profissionais com pouca experiência militar e economizar nos
gastos salariais.
Entre os mais bem pagos, alguns ganham até mil
dólares por dia, muito mais do que qualquer soldado receberia.
Vergonhosamente, cerca de 500 ex-militares brasileiros se alistaram
para atuar como mercenários no Iraque, recrutados em segredo
principalmente nos estados de São Paulo e Goiás por uma empresa
estadunidense com sede na Flórida.
O alvo dos recrutadores são
militares ou ex-militares brasileiros dispostos a ir para o Iraque em
troca de um salário mensal que oscilaria entre 6 mil e 8 mil dólares,
com a missão de “vigiar instalações militares em território
iraquiano”.
“Na situação em que vivemos, qualquer coisa vale a
pena. Um dia vou ter que morrer, não?”,
relatou um dos candidatos,
um ex-segurança particular que esteve um ano no exército e que
não quis ser identificado por medo de represálias.
Um porta-voz da secretária de Estado estadunidense, Condoleezza
Rice, disse que ela quer assegurar que “esteja sendo feito todo o
possível para evitar a morte de inocentes e para garantir que esse
tipo de incidente não volte a ocorrer”.
Infelizmente, em nome de
interesses políticos e econômicos estadunidenses, mais de 655 mil
civis iraquianos foram mortos desde 2003.
Quanto aos crimes dos
mercenários contratados, certamente nada será feito – sairão
impunes, assim como George W. Bush e seus aliados.


http://www.orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_75.pdf


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