terça-feira, 25 de setembro de 2007

MASSACRE DE SABRA E CHATILA:ISRAEL CONTRA CIVIS PALESTINOS


Massacre de Sabra e Shatila:
25 anos depois

Esse mês de setembro marca 25 anos do Massacre de Sabra e
Shatila, que aconteceu no Líbano, em 1982.
Desde então, são 25
anos de agonia, memórias e traumas dos sobreviventes de uma das
piores campanhas criminosas de Israel contra civis palestinos.
Os
culpados nunca foram punidos, assim como os sobreviventes nunca
foram indenizados.
Em junho de 1982, as forças de ocupação israelenses, ainda
comandadas por Ariel Sharon, então Ministro da Defesa, invadiram
o Líbano e ocuparam Beirute.
Após dois meses de um violento
cerco focando os ataques em áreas civis, um cessar-fogo foi
conseguido pelo enviado estadunidense Philip Habib.
As forças da
OLP (suposto motivo da invasão israelense) deixaram o Líbano
como ditava os termos do acordo.
Mas os planos de Israel não eram
tão claros – eles mantiveram o cerco à capital libanesa.
Em julho do mesmo ano, Ariel Sharon anunciou sua intenção de
permitir a entrada da milícia do Partido Falange, de Bashir Gemayel,
presidente recém-eleito do Líbano graças a um golpe israelense,
nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila para
“limpar o local dos terroristas remanescentes”.
Os falangistas, uma
milícia maronita de extrema-direita, aliada do “lar nacional judaico”,
era o maior exército privado do Líbano.
Ironicamente, as forças da
OLP – os “terroristas” – já haviam deixado o Líbano.
Em 15 de
setembro, jatos militares e tropas israelenses já haviam armado um
cerco nos campos de refugiados palestinos.

No dia seguinte, com o cerco
israelense armado e seguro,
Israel deu a luz verde para a
milícia de Gemayel invadir
Sabra e Shatila.
Sabendo que,
na realidade, nenhum
“terrorista” estava no local,

apenas 150 soldados de Gemayel invadiram os campos no final
tarde do dia 16 de setembro.
Pelas próximas 40 horas, os soldados
estupraram, mataram e feriram civis palestinos, a maioria deles
mulheres, crianças e idosos, sob a observação sistemática das
forças israelenses.
Duas horas depois do início da matança,
relatórios terríveis chegaram ao comando israelense, mas ninguém
se mexeu.
Nunca será possível saber o verdadeiro número de
vítimas do massacre – além das mais de mil pessoas que foram
enterrados em covas coletivas construídas pelo Comitê
Internacional da Cruz Vermelha em Beirute, centenas de outras
nunca foram encontrados.
A estimativa de mortos gira em torno de
2500 a 3000 civis palestinos.
As vítimas e sobreviventes do crime
até hoje não tiveram o direito de nem sequer ter uma investigação
formal da tragédia.
O Knesset, o parlamento israelense, abriu uma comissão de
inquérito sobre o caso, presidida por Yitzhak Kahan.
Apesar das
limitações da comissão (por ser política e não judicial, ignorando
dessa forma as vozes das vítimas), concluiu-se que Ariel Sharon foi

diretamente o responsável pelo massacre, e recomendou que ele
fosse destituído de suas atribuições de Ministro da Defesa.
Oficialmente, Sharon resignou o cargo.
Na realidade, porém, ele
continuou agindo livremente como Ministro da Defesa de Israel,
somente não carregando o nome do cargo.
Em 19 de setembro do mesmo ano, a ONU condenou o massacre
através da Resolução 521
.
Pouco depois, em dezembro, a
Assembléia-Geral da ONU classificou o massacre como “um ato de
genocídio”.
Apesar disso, o homem que foi “pessoalmente
responsável” pelo crime, assim como seus associados, nunca foram
punidos e nem sequer julgados.
Em 1984, os jornalistas israelenses
Ze'ev Schiff e Ehud Ya'ari concluíram a história do massacre com
as seguintes palavras: “Se existe uma lição moral para o doloroso
episódio de Sabra e Shatila, ela ainda precisa ser reconhecida”.
Essa realidade permanece ainda hoje. 

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