sexta-feira, 24 de abril de 2009

GENTE PARA UM MUNDO MELHOR

Eu preciso de gente que sonhe!


Não sonhos irreais, mas sonhos que possam se materializar com compromisso coletivo. Eu preciso de gente que acredite que é possível um mundo melhor, onde as diferenças sejam respeitadas e o fosso existente entre os mais pobres e os mais ricos seja cada vez menor... onde todos os seres humanos, indistintamente, tenham um lugar ao sol.
Eu preciso de gente que experiencie sofregamente a beleza da vida, refletida nos primeiros raios de sol de uma manhã de inverno ou dos últimos de uma tarde de verão. Gente que acredite na inocência e na magia da criança que sentencia: “Isso é possível.
Venha comigo... Ensine-me que nem tudo está perdido... Seja meu parceiro de jornada...”

Eu preciso de gente que sonhe, acredite, seja e aja, se desconstruindo diariamente dos seus medos, máscaras, artificialidades e desesperanças para que, na manhã seguinte, renasça novamente num ser mais forte e verdadeiro, repleto de conteúdos com novos significados a compartilhar e propagar, certo de que pode mudar a sua realidade existencial e comportamental e a daqueles que vivem a partir do seu redor.

Eu preciso de gente que seja humilde o suficiente para admitir as suas fraquezas e imperfeições, desenvolvendo o autoconhecimento e a serenidade necessários para perscrutar os anseios mais íntimos das pessoas do seu cotidiano, ajudando-as a serem mais fortes e cheias de vida.

Eu preciso de gente que acredite na inocência das crianças que esperam, ansiam e acreditam verdadeiramente e insistentemente que podemos mudar e crescer como seres iluminados.

Eu preciso de gente comprometida com o mistério cósmico da vida, onde somos apenas um grãozinho de areia, mas com poder de movimentar oceanos de emoções e realizações planetárias.

Eu preciso de gente que seja determinada a fazer de seus dias e de sua vida momentos de incríveis descobertas, enfrentando seus desafios diários como oportunidades de aprendizado e crescimento pessoal para alavancar mudanças socialmente justas e ecologicamente equilibradas.

Eu preciso de gente que se veja diariamente em cada pessoa, como a si mesmo, para que sinta suas alegrias e tristezas, contextualizando os seus anseios e comportamentos com a realidade em que vivem, pois só assim poderá interagir com elas de uma forma mais humana e integrada.

Eu preciso de gente que veja em cada problema uma solução... em cada dúvida uma certeza... em cada erro uma oportunidade de reflexão e de mudança de paradigmas.

Eu preciso de gente que acredite que é possível continuarmos lutando, habitando, preservando e recompondo esse planeta dentro de uma ótica de sustentabilidade social e ambiental para que o esplendor da vida continue se eternizando.

* Sérgio Vilas Boas
– Engenheiro Agrônomo, Doutor em Geociências e Meio Ambiente, Educador SócioAmbiental

domingo, 12 de abril de 2009

ORAÇÃO DO PREGADOR


Como não pode o mar oferecer água doce, ou a tamareira produzir um figo, ainda que único, nada poderei oferecer aos meus irmãos, senão o que trago dentro de mim.

Assim, antes que lhes possa falar, é necessário que ouça o meu próprio íntimo. Oxalá tenha guardado os meus sonhos de menino, para que lhes possa devolver a esperança; e saiba aproveitar as desilusões da maturidade, para que não os lance em loucos devaneios.

É grande a responsabilidade daquele cujas palavras são ouvidas.

Porque as palavras de um homem não são apenas a expressão das suas idéias, mas sementes de idéias para os ouvintes.

Assim, aquele que nada tenha a dizer mais sábio seria se calado ficasse; e oferecesse apenas o testemunho dos seus atos. Pois as nossas ações são mais expressivas que as nossas palavras.

Que se cale, pois, a minha voz, quando me visitar a amargura; para que dentro de mim permaneça ela encerrada. E que as palavras fluam, quando me animar a felicidade, para que dela todos compartilhem.

Que não seja a minha voz como o vento agressivo, que torna desolada a terra; mas como a brisa amiga, que faz a planta brotar.

Permita o Pai que em mim exista a verdadeira paz, e que da minha boca brotem expressões da verdadeira sabedoria; para que eu as possa dividir com os meus irmãos.

Como o beduíno, no deserto, reparte a sombra meiga e amiga das árvores que aformoseiam o oásis. Pois somos todos beduínos e é incessante a marcha da nossa caravana, como é única a nossa direção.

Entre o raiar do dia e o cair da noite, atravessamos o deserto dos nossos próprios enganos, e o sono nos recupera para uma nova travessia; e haverá em cada uma um oásis de paz, para que possamos suportar a sede das frustrações.

Que sejam, pois, as minhas palavras como a água que retempera, a brisa que refresca, a lua que faz sonhar, e as canções que fazem sentir.

Para que eu seja digno de falar em nome do Pai.