terça-feira, 26 de junho de 2007


Saddam se nega a dizer se é culpado ou inocente

21 de agosto, 2006

O ex-presidente do Iraque Saddam Hussein recusou-se a se declarar culpado ou inocente no primeiro dia do julgamento em que é acusado de participar de uma ofensiva contra curdos em 1987 e 1988.
A recusa fez o juiz Abdullah al-Amiri decidir que uma declaração de "inocente" seria apresentada em seu nome.
O tribunal ouviu nesta segunda-feira a acusação de que 182 mil pessoas foram mortas durante a operação Anfal, na qual armas químicas teriam sido usadas contra 3 mil vilas no norte do Iraque, logo após o fim da guerra Irã-Iraque.
Sete réus - inclusive o primo de Saddam Ali Hassan al-Majid, apelidado de "Ali Químico" - enfrentam acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio no tribunal, na fortificada zona verde de Bagdá, e podem ser condenados à morte.
Também deverão responder a acusações o ex-ministro da Defesa Sultan Hashim Ahmed, o ex-chefe da inteligência Saber Abdul Aziz, o ex-comandante da Guarda Republicana Hussein Rashid al-Tikriti, o ex-governador de Nineveh Taher Muhammad al-Ani e o ex-comandante militar Farhan al-Jibouri.
Saddam e sete réus diferentes estgão sendo julgados pela morte de 148 xiitas em Dujail, em 1982.
Um veredicto deve ser anunciado no dia 16 de outubro.
Desafio
O ex-presidente iraquiano questionou a legitimidade do tribunal, como havia feito no julgamento anterior.
Inicialmente, ele se recusou a dizer seu nome quando o juiz xiita Abdullah al-Amiri, que preside um painel de cinco membros no tribunal, pediu que ele se identificasse:
"Você sabe o meu nome", disse o ex-presidente.
"Esta é a lei da ocupação", afirmou Saddam Hussein, antes de dizer que era "o Presidente da República e Comandante das Forças Armadas".
Amiri informou ao ex-presidente iraquiano que ele estava sendo julgado por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra e perguntou se ele era inocente ou culpado.
"Isso iria requerer uma quantidade enorme de livros", respondeu Saddam Hussein.
A acusação abriu seus argumentos dizendo que "armas de destruição em massa e ataques aéreos" foram usados na operação Anfal e que idosos, mulheres e crianças foram mandados para campos de detenção apenas pelo fato de serem curdos.
Sobreviventes dizem ainda que foram atacados com gás, embora este novo julgamento não lide com o caso de Halabja, em 1988, onde 5 mil curdos teriam sido mortos dessa forma.
Um outro tribunal está examinando o caso.
Irã
A Operação Anfal - que significa "Espólios de Guerra" - teve como alvo milicianos pela independência curda.
'Ali Químico' é um dos réus neste segundo julgamento de Saddam
A promotoria vai argumentar que a ação pode ser classificada de genocídio.
Entre as evidências a serem apresentadas deverão estar documentos do governo e depoimento de sobreviventes.
Já a defesa deve retratar a campanha como uma ação legítima contra insurgentes curdos que eram acusados de ajudar o Irã durante a guerra com o Iraque.
Ativistas pelos direitos humanos levantaram dúvidas sobre a lisura do sistema judicial iraquiano e disseram que houve graves problemas no caso de Dujail.
Três advogados de defesa foram assassinados e o primeiro chefe dos juízes foi substituído.
A promotoria quer a pena de morte para Saddam Hussein e dois dos sete outros réus no caso de Dujail.
Todos negam as acusações.
Se Saddam for condenado e sentenciado à morte, ele ainda poderá apelar, levantando a possibilidade de que uma execução ainda demore muitos anos.

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